‘O PSD já está pacificado’

Líder da JSD admite que os partidos correm o risco de se tornarem ‘obsoletos’ e que precisam de mudar. E conta que entrou para a JSD por causa de uma discussão com uma militante comunista.

‘O PSD já está pacificado’

O discurso que fez aqui no Parlamento, no 25 de Abril, disse que os políticos nem sempre ouvem o que o povo reclama. Estava a pensar em algum assunto em concreto?

Para mim, o maior exemplo disso é o combate à corrupção. Na altura, as pessoas falavam sobre corrupção, mas a classe política estava completamente alheada. O tema não tinha entrado na agenda política. A verdade é que temos assistido a uma mudança. Ainda não é suficiente, mas pelo menos o elefante na sala já é notado. Uma das coisas que mais me incomoda é quando as pessoas dizem que os políticos são todos iguais. Não quero essa generalização que é uma nuvem que afeta todos e que só serve os prevaricadores e os menos sérios. Aqueles que são sérios não querem ser confundidos com a parcela pequena daqueles que não se dão ao respeito. Nós temos vários casos. 

 

Os portugueses têm uma ideia negativa dos políticos?

Isso é uma evidência. Quem quiser contrariar isso está muito desfasado da realidade.

Acha que há uma diferença…

Uma diferença entre o país político e o país real? Muitas vezes existe. Por vezes, os interesses partidários e as dinâmicas partidárias não são coincidentes com aquilo que é a perceção da opinião pública. É muito importante não haver essa dissonância. Nós estamos aqui a representar pessoas e se aquilo que lhes estamos a comunicar não lhes chega ou não é percecionado da forma correta é porque não estamos a cumprir o nosso papel. 

Como vê o aparecimento de fenómenos como o de Bolsonaro no Brasil?

É a falência do regime que leva ao aparecimento de fenómenos como o Bolsonaro. Foi a falência do PT que levou a que o candidato da extrema-direita tivesse a vitória que teve. E acho que aqui em Portugal também temos de ter essa noção. Não tivemos, felizmente, o aparecimento de fenómenos populistas ou extremistas, mas a verdade é que a abstenção demonstra que há um grande desencantamento e descontentamento com a classe política. Esse alerta deve ser percebido.

Como se muda isso?

Credibilizando o sistema e sei que esse também é um compromisso que o presidente do partido tem. Foi uma das principais bandeiras que apresentou. 

 

Leia a entrevista completa na edição deste sábado do SOL