Montepio. Banco muda de nome e volta a estar envolvido em polémica

Banco concedeu mais de 28 milhões ao construtor José Guilherme, valores que estão por liquidar

Até ao final do ano, a Caixa Económica Montepio Geral irá mudar de nome. A instituição financeira liderada por Carlos Tavares já deu entrada ao pedido de registo da marca ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial para Banco Montepio. Até 31 de dezembro, corre o prazo de oposição possível, em que pode haver espaço para a reclamação por terceiros do registo da insígnia comercial.

A ideia não é nova e fica desta forma cumprida uma das exigências do Banco de Portugal (BdP) que sempre defendeu a distinção entre a marca do banco e a sua acionista – Associação Mutualista Montepio Geral. Com isso, a forma como se irá apresentar aos clientes vai sofrer mudanças, assim como os balcões.

A necessidade de mudança já tinha sido anunciada pelo ex-presidente do banco, Félix Morgado, mas acabou por criar uma guerra com Tomás Correia, presidente da Mutualista que nunca viu com bons olhos a mudança de nome. Ainda assim, admitiu recentemente que, pelo menos, a palavra Montepio se iria manter. 

Ao mesmo tempo, o banco liderado por Carlos Tavares prepara-se também para reforçar a sua rede comercial com a abertura de dez balcões até final do ano. Serão pequenas unidades localizadas fora dos grandes centros urbanos, com dois ou três funcionários. “Procuramos estar mais onde os outros estão menos”, afirmou durante a apresentação de resultados. 

“O banco vai ensaiar um projeto de abertura de pequenos balcões, com custos controlados e em zonas com potencial para ser rentabilizado”, adiantou. Os horários desses novos balcões ainda não estão definidos, mas provavelmente não serão completos, estando abertos em horas mais convenientes aos clientes. 

Financiamentos polémicos

Estas alterações surgem numa altura em que a instituição financeira está novamente envolvida em operações polémicas. De acordo com o jornal Público, entre 2009 e 2014, o banco emprestou mais de 28 milhões de euros a José Guilherme. Entre março e abril de 2009, a instituição financeira financiou em 8,5 milhões de euros, a título pessoal, o construtor amigo do antigo presidente do BES Ricardo Salgado, a quem o empreiteiro havia “oferecido” nesse ano 8,5 milhões de euros (entre outras verbas) por alegadas ajudas em Angola, num caso que está sob investigação.

Segundo o mesmo jornal, entre 2009 e 2014, José Guilherme foi financiado em 28,4 milhões de euros pelo Montepio só com empréstimos pessoais, e a quase totalidade destes créditos estão ainda por liquidar. Feitas as contas, durante este período de cinco anos, o Montepio deliberou mais de dez vezes sobre operações de crédito ao construtor. Tomás Correia, tem garantido estar inocente e de “consciência tranquila”, insistindo que as acusações de que é alvo relativas ao financiamento ao BES e a José Guilherme não fazem sentido.

Recorde-se que, a dona do Montepio vai a eleições a 7 de dezembro. A lista de Tomás Correia enfrenta a oposição de Fernando Ribeiro Mendes e de António Godinho.