Em três anos a despesa dos hospitais aumentou 600 milhões de euros

Em causa está sobretudo a despesa com os recursos humanos, nomeadamente a passagem às 35 horas semanais, a reposição salarial e a contratação de profissionais para suprir as horas repostas

A despesa dos hospitais públicos aumentou 600 milhões de euros em três anos, enquanto a receita aumentou menos de 300 milhões.

A informação é avançada pelo presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares, Alexandre Lourenço, citado pela agência Lusa, e dá conta que o aumento da receita não compensou a pressão exercida nas unidades hospitalares. Em causa está sobretudo a despesa com os recursos humanos, nomeadamente a passagem às 35 horas semanais, a reposição salarial e a contratação de profissionais para suprir as horas repostas.

Segundo Alexandre Lourenço, os atuais valores relativos às receitas e despesas devem-se ao facto de, há três anos atrás, em 2017, os hospitais EPE (Entidades Públicas Empresariais) encerrarem “com o pior resultado económico de sempre”. Assim, e mesmo sem “uma compensação orçamental adequada”, os hospitais tiveram de adaptar o crescimento dos seus custos.

Para o responsável, o financiamento existe mas não é colocado nos orçamentos dos hospitais no tempo certo e de modo a que a gestão seja a mais correta. Um exemplo foram os 1,4 milhões de euros de verba adicional anunciados pelo anterior ministro da Saúde no final do ano passado. O dinheiro deveria ter sido colocado nos hospitais no início de 2018, mas não aconteceu e só agora começa a chegar aos hospitais.

"A relação dos hospitais com os fornecedores seria diferente se o dinheiro estivesse colocado no início de um ano orçamental, porque lhes permitiria comprar bens e serviços a um preço mais baixo", referiu, citado pela Lusa, acrescentando que as unidades hospitalares do Serviço Nacional de Saúde poderiam poupar mais de 100 milhões em redução de preço por pagarem a tempo e horas aos fornecedores.