“Aquilo tinha de acontecer. A pedreira foi até aos limites”, diz Bastonário dos Engenheiros

Carlos Mineiro Alves afirma que esta “é uma situação  que está identificada há quatro anos e era um acidente anunciado”

Um troço da estrada municipal que liga Vila Viçosa a Borba abateu, esta segunda-feira. O acidente tem gerado muitapolémica dentro do Governo, Algo que, segundo o bastonário da Ordem dos Engenheiros, poderia ter sido evitado,“encerrando a estrada”.

Em declarações ao Diário de Notícias, Carlos Mineiro Alves defende que o estado de deterioração deste troço era algo evidente: “ O que choca é que é uma situação que está identificada há quatro anos e era um acidente anunciado "

"Aquilo tinha de acontecer. A pedreira foi até aos limites. A estrada por baixo não estava fundada em rocha, naquele maciço calcário, mas sim na terra. Portanto, a terra um dia havia de cair e deslizou com mais chuva. A chuva não tem culpa, só acelera processos que estão em desenvolvimento. O que houve ali foi um deslizamento de terras e a estrada a cair, infelizmente", refere o bastonário dos Engenheiros. "É de uma evidência que é trágica", sublinhou.

Para Carlos Mineiro Alves é difícil compreender como se chegou a este ponto: “Há uma coisa elementar que é o bom senso. Qualquer engenheiro, qualquer técnico, qualquer pessoa conscienciosa não pode obviamente explorar uma pedreira até uma berma ou até à proximidade de uma estrada".

O mesmo defende que, mesmo com a existência de uma margem de segurança no local, este não estaria seguro da tragédia que aconteceu ontem, mas que mesmo assim "não tinha acontecido com as consequências que teve".

O responsável diz ainda que a estrada municipal devia ter sido encerrada, “obviamente".  "O que sucede ali é que não houve uma decisão de interditar a circulação naquela estrada", acrescentou.

Para além desta estrada, o bastonário receia que continue a existir infraestruturas em risco em Portugal. "Devia haver uma base de dados sobre o que está a ser feito, o que está a ser observado, como é feita a monitorização, o acompanhamento. Nós vamos, por exemplo, ao site da Infraestruturas de Portugal, e não temos essa monitorização", defende.