Taça de Portugal. Rafa salva Benfica no último suspiro

Um golo do internacional luso aos 90’+3′ deu o triunfo aos encarnados na receção ao secundário Arouca. O público da Luz despediu-se mais uma vez de Rui Vitória com assobios e lenços brancos

Muito, muito suado o triunfo (2-1) do Benfica na noite desta quinta-feira frente ao secundário Arouca, no jogo que abriu a quarta eliminatória da Taça de Portugal. Em pleno Estádio da Luz, as águias estiveram em desvantagem, empataram com um golo de Jonas em cima do intervalo e passaram ainda por imensos calafrios – excelente exibição de Svilar – até aos 90'+3', quando Rafa aproveitou uma saída em falso do guardião Rui Vieira e fez o golo salvador.

Com muitas alterações em relação ao onze habitual, nas quais se destacaram as entradas de Svilar, Corchia, Zivkovic e acima de tudo Krovinovic – ausente desde janeiro -, e também ao desenho tático, desta feita com a aposta num 4x4x2, com Jonas e Seferovic lado a lado, o Benfica até entrou melhor no jogo. Ao primeiro ataque, porém, o Arouca marcou: Conti falhou o corte e Didi serviu Bukia, com o congolês a atirar de primeira de trivela – Svilar não teve qualquer hipótese de defesa.

Voltava a tremideira dos últimos tempos ao conjunto encarnado, que ameaçou depois por Seferovic e Jonas. E seria pelos inevitáveis pés do brasileiro que a reviravolta se começaria a desenhar: aos 42', num contra-ataque rápido, Seferovic tocou para o 10 encarnado e este, com a classe habitual, tirou Deyvison do caminho e bateu Rui Vieira com um remate colocadíssimo.

Ao intervalo, Rui Vitória trocou Krovinovic por Rafa, que teve nos pés a primeira ocasião aos 59', picando a bola por cima do guardião contrário. Massaia, em cima da linha, impediu o golo. A partir daqui, o Benfica carregou mas sem efeitos práticos, ao contrário do que acontecia na sua área: cada vez que o Arouca atacava era um ai Jesus. Como aos 77', quando Fábio Fortes se antecipou a Svilar e cabeceou ao lado, ou aos 83', com Svilar a negar de forma incrível o golo a Adílio; no seguimento do lance, Fábio Fortes tentou o desvio de calcanhar mas o belga voltou a opor-se com segurança. Até que, aos 90'+3', chegou o golo decisivo: Zivkovic conduziu, Seferovic cruzou, Jonas penteou a bola e Rafa, já em desequilíbrio, bateu Rui Vieira, que saiu a destempo da baliza.

O encontro terminaria pouco depois – ainda houve tempo para Soares ser expulso após uma entrada duríssima sobre Rafa -, com o público da Luz a brindar Rui Vitória com um enorme coro de assobios e muitos lenços brancos, a exemplo do que tem vindo a acontecer repetidamente nos últimos jogos. O treinador encarnado, mais uma vez, garantiu compreender este cenário. "Vivemos num desporto de emoções. É perfeitamente normal que quem está numa bancada sinta a emoção e queira que as coisas corram como pensa, temos de aceitar isso. Mas também é fundamental que se perceba que neste tipo de jogos, vindo de uma paragem e a dar ritmo a alguns jogadores e ter outros que jogaram há pouco tempo, é natural que isto aconteça, estes jogos de Taça são jogos que pode complicar e este complicou-se. Não tivemos a velocidade exigível na primeira parte e tivemos de ir atrás do resultado. Não foi a exibição que queríamos, mas passando pela situação que passámos, isso não passa com um estalar de dedos. Passa-se com passos pequenos e esta vitória era importante", salientou.

Já Quim Machado, treinador do Arouca, considerou que "faltou aquela pontinha de sorte" à sua equipa. "Fizemos um grande jogo. O coletivo sobressaiu claramente, funcionámos como uma equipa, quisemos fazer golos. Estávamos já a pensar no prolongamento e perder desta forma dói. No mínimo merecíamos o prolongamento, até pelas duas oportunidades que tivemos na parte final. Já não estávamos a contar perder naquela altura, mas por vezes ganha-se nos últimos minutos e por vezes perde-se. É futebol", lamentou.