Então agora somos todos americanos…

Nestes últimos dias, é impossível ter escapado a a alguém a loucura da Black Friday e das suas mil variantes: Black Out, Black Day, Black Week, Black Season, entre outras declinações de Black.. Não há marca, seja ela de que setor for, que não aproveite este grande momento de comunicação para lançar as suas promoções…

Nestes últimos dias, é impossível ter escapado a a alguém a loucura da Black Friday e das suas mil variantes: Black Out, Black Day, Black Week, Black Season, entre outras declinações de Black..

Não há marca, seja ela de que setor for, que não aproveite este grande momento de comunicação para lançar as suas promoções e aumentar vendas. Apesar de muito se falar em incremento dos preços uns dias antes para depois tudo parecer mais barato, a verdade é que há muita e boa promoção para se aproveitar.

E é no meio desta loucura que eu me pergunto: quando é que nos tornámos todos americanos?

É certo que há já alguns anos que há tradição de Black Friday em Portugal e que as pessoas estão bem atentas às oportunidades. Mas a escala a que tudo chegou hoje em dia é de facto surpreendente.

Não só a Black Friday é transversal e quer seja um produto, quer seja um serviço, em todo o lado podemos sair a ganhar (até os bancos têm Black Friday), como se estendeu no mês de novembro a fins de semana e semanas tornando tudo ainda mais atrativo para o consumidor. 

Mas o que é realmente surpreendente é aquele cenário caótico que julgávamos ver apenas nos grandes armazéns dos EUA em que todos se atropelam, crianças, grávida, idosos, em busca da melhor promoção. O povo português é um povo sereno dizem os mais antigos, mas a verdade é que quando vejo as imagens mais recentes das nossas lojas percebo que afinal somos um bocadinho diferentes do que nos pintamos.

E se calhar ainda bem porque as marcas rejubilam com esta adesão e a Black Friday já é para muitas marcas um momento de comunicação e de vendas tão importante como o Natal. 

Torna-se assim fundamental também inovar na comunicação porque nem só de promoção vive este momento. Se é certo que as melhores promoções se espalham com rapidez e andam na boca de todos, é importante conseguir que a marca se destaque neste ruído tão grande de comunicação. 

E aqui ainda há um caminho longo a percorrer porque a verdade é que a comunicação é toda ela muito idêntica e não há um gancho realmente inovador que nos faça lembrar mais de uma campanha versus outra.

Se calhar quem ganha mesmo é a promoção e não a comunicação mas tendo em conta que este se tornou um momento-chave de consumo e de negócio tem que se tornar também um momento – chave de comunicação e parte integrante da estratégia da marca. 

Uma estratégia assente numa oferta que tem de facto que ser diferenciadora (até porque há muita promoção que não convence), mas também assente num diálogo direto com o consumidor que lhe permita estabelecer prioridades e utilizar o seu plafond da forma mais eficaz.  

Mais um desafio gigante para as marcas, tão gigante quanto a invasão de lojas a que assistimos.

Uma invasão assustadora mas também uma oportunidade para todos 

E agora vou só ali encher mais uns carrinhos de compras e aproveitar os resquícios de ‘Black Friday’ que para aí andam ainda. 

*Diretora Criativa Havas Sports & Entertainment