Bayern-Benfica. Do Kataklinsmann de 95/96 aos Robbenazos de 2018/19: olá, Liga Europa

As águias ficaram mais uma vez muito aquém do que se exigia e foram derrotadas de forma contundente: 5-1, com dois golos de Robben e Lewandowski e outro de Ribéry a fechar. Salva-se a confirmação da continuidade nas competições europeias devido à derrota do AEK com o Ajax

Vamos começar pelo ponto positivo – o único que se pode retirar de mais uma noite de hecatombe europeia do Benfica: a presença na Liga Europa está assegurada. Já estava, aliás, ainda antes do encontro de Munique ter início, cortesia do triunfo do Ajax em Atenas – esse 0-2, na verdade, só veio confirmar o que já tinha ficado bem à vista nesta edição da Liga dos Campeões: o AEK era a equipa mais fraca do grupo E (e provavelmente até de toda a prova).

Por outro lado, a vitória holandesa na capital grega significava desde logo vida bem mais complicada para as águias no que ao sonho do apuramento dizia respeito: o Ajax ficava qualificado desde logo e o Benfica tinha de vencer em Munique pelo menos por dois golos de diferença e ainda vencer o AEK na Luz e esperar que os bávaros fossem derrotados em Amesterdão. Muitos “ses” e muitas condicionantes para um Benfica a atravessar inegavelmente um dos piores períodos nos anos mais recentes.

Convenhamos: perder no Allianz Arena não é, por si só, nada de alarmante. Aliás, a história encarnada assim o demonstrava: em quatro deslocações a Munique, o Benfica somava… quatro derrotas, com 14 golos sofridos e apenas três marcados. Por aí já se percebia o quão hercúlea era a tarefa a que se propunha o conjunto orientado por Rui Vitória – cujo calcanhar de Aquiles terá sido mesmo o facto de conseguir apenas um ponto em seis frente ao Ajax, à partida o adversário natural na luta por um dos dois lugares de apuramento para os oitavos-de-final. Aos quatro pontinhos conquistados contra as águias, o gigante holandês chamou um figo.

 

Robben, esse desconhecido Ao contrário do velho hábito dos treinadores portugueses em inovar nestes jogos teoricamente mais complicados, Rui Vitória escolheu o onze que mais tem utilizado nos últimos tempos, com Conti no lugar do castigado Jardel e Gabriel no meio-campo, em detrimento do menino Gedson. E Rafa, claro, dada a forma superlativa em que se encontra – claramente contra a corrente coletiva da equipa – e também a lesão de Salvio.

Não foi precisa, porém, nenhuma invenção técnica para que o marcador funcionasse pela primeira vez. Não, a sério: não foi mesmo precisa nenhuma invenção. Bastou a Robben fazer aquilo que vem fazendo… basicamente ao longo de toda a carreira: conduzir a bola com o pé esquerdo, partir para cima do adversário direto, fletir para o meio e disparar rumo ao golo. A jogada tem assinatura, está perfeitamente identificada há anos, mas mesmo assim o veterano holandês continua a sair-se bem com ela. Aconteceu aos 13 minutos – teve sorte no primeiro ressalto, que lhe permitiu deixar três!!! benfiquistas para trás, e depois só teve de fazer o que faz sempre para ludibriar Gabriel e desfeitear Vlachodimos pela primeira vez.

E, surpresa das surpresas, aconteceu novamente aos 30’, aí com Conti a ser o “anjinho” de serviço. Começava a desenhar-se mais uma goleada, a fazer lembrar aquela sofrida em 1995/96 na terceira eliminatória da Taça UEFA: aí, nesse 21 de novembro de 1995, o mortífero Klinsmann fez todos os golos no 4-1 com que os bávaros brindaram as águias – Kataklinsmann, chamou-lhe a imprensa desportiva no dia seguinte.

Desta feita, os golos não foram de um homem só, até porque neste Bayern qualidade é coisa que sobeja. Aos 36’, só uma grande intervenção de Vlachodimos impediu o 3-0, após cabeceamento de Muller; de pouco serviu ao grego a grande defesa, pois Lewandowski viria mesmo a molhar a sopa logo no canto que se seguiu, cabeceando no meio dos centrais encarnados.

A última jogada da primeira parte acabou por marcar a única “oportunidade” de que o Benfica dispôs nesse período, com André Almeida a subir e a atirar do meio da rua de pé esquerdo. A bola passou muito perto do poste esquerdo à guarda de Neuer. E o segundo tempo até começaria com a segunda – e última – jogada de perigo na área bávara: na primeira vez em que tocou na bola, após entrar para o lugar de Pizzi, Gedson tabelou com Jonas, isolou-se e bateu Neuer.

Desde logo se percebeu que não iria ser mais do que um mero golo de consolação, pois nos cinco minutos seguintes o Bayern criou mais duas ocasiões, marcando num lance a papel químico do golo anterior: no canto que se seguiu a grande defesa de Vlachodimos, aqui a remate de Ribéry, Lewandowski voltou a bater Rúben Dias e Conti nas alturas e aumentou para 4-1. Aos 72’, Robben dava o lugar a Renato Sanches e quatro minutos depois o golo que Ribéry tanto procurou: o francês tocou para Alaba e correu para a área, concluindo para dentro da baliza o cruzamento atrasado do austríaco.

Ponto final na crise do Bayern, que retomou o primeiro lugar do grupo E (terá de o defender na última jornada em Amesterdão), com Niko Kovac a respirar fundo e a ganhar novo fôlego. Ao contrário de Rui Vitória, cada vez mais contestado – e agastado – no comando técnico do Benfica.

Nos outros jogos do dia, destaque para os apuramentos de Manchester City, Roma, Real Madrid, Juventus e Manchester United. A vecchia signora venceu o Valência por 1-0, com um trabalho delicioso de Cristiano Ronaldo na assistência para o golo solitário de Mandzukic, enquanto os red devils de José Mourinho triunfaram pelo mesmo resultado diante dos suíços do Young Boys, mercê de um golo do mal-amado Fellaini já nos descontos. O Shakhtar Donetsk, de Paulo Fonseca, arrancou um importantíssimo triunfo na Alemanha (2-3 em casa do Hoffenheim) e irá agora discutir com o Lyon o apuramento para os oitavos-de-final, numa verdadeira final marcada para o dia 12 de dezembro na Ucrânia.

 

FC Porto a um ponto Em mares muito mais tranquilos navega o FC Porto. Os dragões lideram o grupo D e só precisam de um empate esta noite, na receção ao Schalke 04, para confirmar o apuramento – e até podem nem precisar desse ponto, caso o Galatasaray não vença o Lokomotiv na partida que começa mais cedo. Em caso de vitória no Dragão, porém, os azuis-e-brancos garantem desde logo o primeiro lugar do grupo.