De Costa a Vieira

Na semana em que Costa decidiu comemorar os seus 3 anos de Governo com uma sessão no Minho a relembrar que há mais Portugal que Lisboa ou Porto, teve de facto, minha opinião, uma semana desgraçada! Tudo lhe correu mal exceto inexistir uma oposição capaz de tirar dividendos políticos. Rio tem sido mais amigo de…

Começou com Borba, onde nem foi, a referir que o problema da segurança na malfadada estrada nem era do Estado mas do município – pelo que ficámos a saber que os municípios não fazem parte do Estado. 

Continuou com diversas votações na especialidade do OGE em que por diversas vezes viu coligações negativas derrotarem as suas propostas, como foi a reabertura das negociações com os professores em 2019 para além do tema supra referido das touradas que meteu Carlos Cesar na ribalta e potencial candidato à sua sucessão. Depois de Pedro Nuno Santos brilhar no Congresso do PS obrigando Costa a mencionar que ainda era cedo para meter os papéis para a reforma, esta afronta interna do seu líder parlamentar veio reforçar a ideia que a sua liderança tem opositores.

Foi surpreendido por uma afirmação peremptória da sua Ministra da Cultura Graça Fonseca, enquanto no México, referindo que não acompanha a imprensa nacional no estrangeiro, com algum ar de satisfação, depois de afirmações anteriores produzidas que fizeram Manuel Alegre sair à liça sobre questões de civilização a propósito de touradas.
Viu ainda uma reportagem da SIC trazer a lume a desgraça de diversas estradas nacionais (por exemplo, N114, N238, N210, N111) como que a relembrar que objetivamente a fiscalização dos departamentos responsáveis não funciona mesmo.

Finalmente, refutou a questão da existência de terrorismo em Tancos quando se noticia publicamente que o Ministério Público levanta (e para mim faz todo o sentido) essa possibilidade.

Quer isto dizer que Costa e o PS estão em queda? Talvez não seja tanto assim mas para mim a possibilidade da maioria absoluta nas eleições daqui a um ano começa a esfumar-se apesar de tantas benesses distribuídas a várias classes sociais com peso determinante no seu resultado. As subidas nas sondagens do PS estagnaram e Costa até se viu obrigado a reiterar a validade da fórmula atual da Geringonça, inclusive em caso de maioria absoluta. Mais descarado namoro ao PCP e Bloco é impossível! Costa previne-se “”em terra” como se diz na gíria!
Entretanto, Rio vai fazendo o seu caminho das pedras. Castro Almeida pede “tréguas internas” ignorando que Rio pese embora bons discursos, não é percepcionado como verdadeira alternativa a Costa dadas diversas colagens anteriores, embora possa captar muitos votos úteis pela via negativa. Incêndios, Tancos e Borba deixaram feridas ao Governo e Costa que não saram no curto prazo. 

Santana pode atrapalhar estas contas de Rio mas o voto útil no PSD deverá prevalecer, sobretudo pela imagem irrequieta de Santana não o ajudar nada a se posicionar como alternativa pese embora as excelentes ideas que transmite.

Uma palavra final para LFV, companheiro de Costa nesta semana desgraçada. Andou durante semanas e meses a fio a teimar em Rui Vitória como a única solução e colou-se a ele numa união de projeto. Agora, nas consequências de uma “manita” humilhante quando até prometeu a Europa como desígnio futuro ficou “entre a espada e a parede” neste sai-não-sai de Vitória sob a pressão tremenda dos sócios e, ao que consta, também dos seus colegas de Direção, vem deitar achas para a fogueira ao persistir na opção de Vitória para treinador. 

O tempo o irá julgar mas quando se decide ao arrepio do bom senso e contra a opinião dos seus pares, as condições estão reunidas para ficar isolado. LFV recorda-se de há anos, quando Jesus tudo perdeu, ter igualmente sido o único a insistir na sua manutenção que proporcionou dois campeonatos de seguida. Mas nem Vitória é Jesus nem o plantel tem a valia do anterior. Dificilmente a história se repete e os êxitos do passado não são salvaguarda de nenhum futuro num futebol em que a diferença da bola entrar ou bater na trave são milhões, com a agravante de que se vier a confirmar esta decisão como um grave erro de gestão, a demissão será um cenário muito provável ou arrisca-se a ser demitido.

PS. O Prof Doutor Eduardo Barroso vai fazer 70 anos e deixar o SNS. Foi homenageado esta semana na Fundação Champalimaud a propósito do lançamento do seu livro “Sobreviver”, com uma plateia cheia de amigos e colegas, bem como de pacientes sobreviventes justificadamente agradecidos. Um tributo justo e merecido a quem deixa uma obra notável na área dos transplantes.

PS. Mais 4300 kms de estradas vão passar do Estado para os Municípios. A ANMP não concorda com os termos financeiros. Surpresa?