Comporta. Donos do fundo ficam com 4 milhões

Consórcio ofereceu 158 milhões de euros, mas a maior fatia vai para as mãos da Caixa Geral de Depósitos. Consórcio promete investir mil milhões e criar emprego. 

Os donos do Fundo da Herdade da Comporta vão ficar com um máximo de quatro milhões de euros do total dos 158 milhões de euros oferecidos pelo consórcio Claude Berda e Paula Amorim, revelou o Negócios. Esse número foi assumido na assembleia de participantes, realizado a 27 de novembro, onde foi aprovada a venda do ativo depois de vários meses de impasse. 

A maior parte do valor pago pelo consórcio irá para a Caixa Geral de Depósitos, cuja dívida já rondava os 120 milhões de euros no final do ano passado, aos quais se somam mensalmente juros de 850 mil euros, e que já está incumprimento há mais de dois anos. Um crédito em falta que tem merecido toda a atenção do banco público. O presidente da Caixa chegou a garantir quer ver "os seus interesses defendidos".

Destes quatro milhões a maior fatia vai para as mãos da Rioforte, sociedade de topo do grupo Espírito Santo que está em insolvência no Luxemburgo e que é dona de 59% do fundo imobiliário vendedor. Feitas as contas, o montante a encaixar pela massa insolvente da Rioforte será de 2,4 milhões de euros, revela o Expresso.

De acordo com os dois jornais, o Novo Banco irá receber cerca de 600 mil euros, uma vez que detém 15% do veículo. Quanto aos restantes detentores de unidades de participação do fundo imobiliário, antigos aliados ou membros da família Espírito Santo, ficam com perto de um milhão. São 85 estes titulares de unidades de participação do fundo criado em 2006.

O valor a distribuir não irá ficar por aqui. Tal como o SOL avançou terá de ser ainda pago cerca de um milhão de euros à Deloitte, entidade que supervisionou o processo concursal iniciado em 22 de agosto. Aliás, o contrato de promessa de compra e venda entre o consórcio Vanguard Properties/ Amorim Luxury e a Gesfimo foi assinado, a 23 de outubro, nas próprias instalações da consultora. 

Ainda assim, esta proposta que foi entretanto aprovada apresentou um valor face à anterior ao totalizar 147,4 milhões: 28 milhões em dinheiro e a assunção dos 119,4 milhões de dívida à CGD (à qual o fundo não paga juros há quatro anos). Este consórcio dizia que a proposta valia, na verdade, 156,4 milhões, porque não incluía os créditos do fundo sobre a DCR & HDC (avaliados em 8,2 milhões) nem os lotes das Casas da Encosta (avaliados em 852 mil euros).

O novo projeto — que poderá envolver a mudança de nome da Herdade da Comporta — deverá contar com hotéis, vilas e condomínios e um vasto número de iniciativas de apoio às comunidades, centros de arte, cultura e design, e centros de saúde e bem estar para atividades de relaxamento. Há ainda planos para incluir academias desportivas de golfe, ténis e padel, comércio e restauração, bem como um museu e uma igreja. O SOL apurou que está previsto um investimento na ordem dos mil milhões de euros a ser aplicado nos próximos anos.