Bola de Ouro. Agora é oficial: a corrida deixou mesmo de ser a dois

Luka Modric juntou o troféu da “France Football” ao prémio da FIFA (The Best) e pôs um fim total ao reinado bipartido de Ronaldo (segundo) e Messi (quinto). E nem foi surpresa nenhuma – a lista final foi divulgada nas redes sociais várias horas antes da gala começar

O segredo mais bem guardado do futebol europeu… era qualquer um menos o referente ao vencedor da Bola de Ouro 2018. Era suposto conhecer-se ontem o nome do vitorioso já noite dentro (a partir das 21h00 portuguesas), mas ao início da tarde circulava já nas redes sociais uma lista, alegadamente pertencente precisamente à “France Football” – a prestigiada revista francesa que atribui o galardão desde 1956 -, com a classificação final dos 30 nomeados.

Uma “fuga” cada vez mais comum nesta era digital, mas que não trouxe propriamente grandes surpresas em relação ao que era esperado. A ausência de Cristiano Ronaldo da gala (noticiada de véspera) realizada em Paris já deixava perceber que o internacional português não iria receber o troféu – aconteceu a mesma coisa aquando da entrega do prémio The Best, da FIFA, em outubro -, e já há vários meses que Modric era apontado pelas casas de apostas como o grande favorito à vitória final. Na tal lista, Modric aparecia vencedor com 753 pontos, quase 300 a mais que Ronaldo (476), o segundo classificado. As pontuações finais não foram reveladas pela revista francesa, mas atendendo ao facto de todas as classificações terem batido completamente certo com o documento, não é difícil perceber que o mesmo era legítimo.

O croata, é preciso reconhecê-lo, fez uma temporada excecional. Venceu as Supertaças espanhola e europeia, foi eleito melhor jogador do Mundial de Clubes, ganho pelo Real Madrid em dezembro do ano passado, conquistou a Liga dos Campeões e ainda capitaneou a seleção da Croácia na histórica caminhada até à final do Mundial, perdida então para a França (2-4). Em outubro, a FIFA, através de votação dos capitães e selecionadores de todo o mundo, mais jornalistas e utilizadores do site, já tinha elevado Modric ao lugar máximo a que um futebolista pode aspirar em termos individuais; agora, foram os votos de 193 jornalistas de diversas nacionalidades, escolhidos pela “France Football”, a dizer de sua razão… e a escolher o mesmo vencedor.

 

Ronaldo (pouco) consolado A eleição de Modric poupou o universo futebolístico a uma situação embaraçosa: caso tivesse sido outro o vencedor, pela primeira vez em 14 anos haveria dois “melhores do mundo”: um para a FIFA, outro para a “France Football”. Assim, com o médio do Real Madrid a vencer, manteve-se a tradição que grassa desde 2004, sendo o terceiro ano consecutivo que o prémio vai para um jogador merengue – nas duas últimas edições tinha voado para o museu de Cristiano Ronaldo.

Tal como na votação de The Best, Ronaldo terminou em segundo – contrariando notícias veiculadas há duas semanas pela imprensa italiana, que davam conta da sua ausência até no pódio. Griezmann, vencedor do Mundial com a França e da Liga Europa pelo Atlético de Madrid, ficou em terceiro, à frente do compatriota Mbappé – que levou para casa o troféu Kopa, correspondente ao melhor futebolista sub-21 do mundo. Apesar do lóbi pró-Varane, que vinha a ganhar muita força em França, o central do Real Madrid terminou em sétimo, logo atrás de Salah e… Messi. Aqui sim, uma grande novidade: pela primeira vez desde 2006, o argentino ficou fora dos três primeiros – não foi além do quinto lugar.

O triunfo de Modric tem o condão de pôr fim a uma longa predominância de Ronaldo e Messi: de 2008 para cá, a Pulga e o CR7 venceram cinco Bolas de Ouro cada um. Agora, tanto um como o outro tiveram de apreciar de fora a consagração de outro colega de profissão, com o croata a conseguir mesmo um feito histórico: é o primeiro jogador de sempre a ser coroado no mesmo ano com os três maiores títulos individuais (Bola de Ouro, The Best e Jogador do Ano da UEFA).

“É um sentimento único, difícil de descrever. Agradeço a todos os que me ajudaram, aos meus colegas de equipa no Real Madrid e aos companheiros da seleção, depois à minha família e a quem votou em mim. Todos temos sonhos: o meu era jogar num grande clube e ganhar títulos. É uma verdadeira honra vencer a Bola de Ouro”, frisou Modric na hora de subir ao palco, antes de ver uma mensagem em vídeo do seu pai, muito emocionado: “Sou o pai mais feliz do Mundo. Não tenho palavras.”

Recorde-se que, além de Cristiano Ronaldo, outros dois portugueses conquistaram o galardão: Luís Figo, em 2000, e Eusébio, em 1965.