Libertadores. Riquelme critica segunda mão da final no Bernabéu

O antigo médio argentino, uma lenda do Boca Juniors, considera triste que a partida vá realizar-se fora da Argentina

Juan Román Riquelme, figura histórica do Boca Juniors e da seleção da Argentina, juntou-se ao coro de críticos em relação à decisão da CONMEBOL de realizar a segunda mão da final da Taça Libertadores no Estádio Santiago Bernabéu, em Madrid.

"Isto vai ser o amigável mais caro da história. O futebol argentino perdeu muito e é muito doloroso. Há poucas coisas que são nossas, como o asado [uma espécie de churrasco], o mate, o doce de leite… e o superclássico, mas acabaram de nos tirar e isso não é nada bonito. É triste que se jogue noutro país. A final já não ver ser a mesma coisa. Era como se jogassem a Liga dos Campeões cá [Argentina]. É como uma derrota para o futebol argentino", afirmou o antigo médio à rádio Mitre, dizendo que "sonhava ser campeão em casa do River" e lamentando ainda o episódio do ataque dos adeptos do River ao autocarro do Boca – que motivou os sucessivos adiamentos da partida: "É lamentável que uma equipa de futebol não possa chegar ao estádio. O que se passou foi muito estranho e muito feio. Não quero que os meus filhos se habituem a que estas coisas aconteçam."

Em entrevista ao jornal espanhol "Marca", o presidente da FIFA, Gianni Infantino, também falou sobre a mudança da final. No entender do dirigente, esta foi a decisão mais acertada em prol do futebol. "Não aconselhei nem o presidente do River nem do Boca. Apenas lhes digo que os jogos se ganham sempre, sempre dentro do campo. Para mim era em qualquer lado. Não jogar é que era um desastre", salientou Infantino, que se encontrava no Monumental no dia do ataque.

"Fiquei desiludido por não ver jogo. É sempre melhor jogar. Havia 60 mil pessoas no estádio, todo um país e muita gente no mundo à espera. Quatro idiotas lançaram pedras e isso não devia parar tudo. Eram mais de quatro? Fossem quatro, 40, 4000 ou 40000. Não podem parar tudo, se se pode jogar tentamos. Mas quando vimos que havia jogadores maltratados, adiou-se. Quando não é possível, precisa-se de calma, tranquilidade e baixar a temperatura. Penso que foi a atitude correta de todos os que ali estavam", frisou o dirigente, dizendo ainda que o futebol argentino precisa de "acalmar": "Vejo muita agressividade. Há crianças, temos de dar o exemplo. Quando vejo as imagens do menino com as tochas… Ufff! Quando tens crianças, e eu tenho quatro… Como é que se faz algo assim? Não há palavras. É isto que quero dizer aos argentinos: parem, isto é só um jogo. Muito importante, sim, porque o que ganhar vai gozar com o outro durante os próximos 100 anos e o que perder vai ter de aguentar. Mas isto é um jogo de futebol, não é uma guerra. Disse ao presidente Macri e à ministra Bullrich (segurança interna) que estamos à disposição. Temos experiência e não é um problema argentino."

Infantino, de resto, deu mesmo um exemplo que viveu na Suíça. "Vi um jogo em Zurique que foi interrompido, há uns três ou quatro anos. Na Suíça! O importante é haver um antes e um depois, baixar a temperatura, ver que é grave e mudar", afirmou, elogiando porém o ambiente que encontrou no interior do Monumental antes do jogo: "Quando os adeptos começaram a cantar no estádio… foi impressionante. Impressionante! Aquilo era um ambiente… E eu não venho propriamente do Luxemburgo, já estive em muitos estádios."