FMI. Portugal já pagou tudo o que devia

Portugal pagou esta segunda-feira ao Fundo Monetário Internacional (FMI) os 4,7 mil milhões de euros que faltavam

FMI. Portugal já pagou tudo o que devia

O anúncio foi feito por Mário Centeno e pode dizer-se que, com este reembolso antecipado, Portugal conseguiu poupar mais de 100 milhões de euros em juros.

“Hoje é concretizado o pagamento do valor remanescente do empréstimo ao FMI no valor de aproximadamente de 4.700 milhões de euros. O total do empréstimo ascendeu a 28 mil milhões de euros. As poupanças estimadas com este pagamento são cerca de 100 milhões de euros”, começou por explicar o responsável pela pasta das Finanças portuguesas.

A verdade é que Portugal recebeu 76,5 mil milhões de ajuda financeira mas, de todos os credores internacionais, era o FMI que exigia a maior taxa de juro (4,3%) pelos milhões emprestados.

O valor dos juros fez com que pagar antecipadamente fizesse cada vez mais sentido. A estratégia começou em 2015 ainda com o governo de Passos Coelho, mas acabou por ser adotada também pelo executivo de António Costa.

Mário Centeno admite mesmo que este reembolso antecipado “é importante porque o empréstimo do FMI ainda é caro face às taxas que Portugal paga no mercado”. Além disso, o ministro das Finanças recorda que “o pagamento antecipado melhora a sustentabilidade da dívida portuguesa, aumenta a confiança dos investidores em Portugal e otimiza a gestão da dívida pública”.

“Um virar de página” António Costa escolheu o dia 29 de novembro para anunciar que, este ano, o país deixava de ter uma dívida ao FMI e referia que este momento seria “um virar de página”.

Já em dezembro, o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) aprovou a decisão do governo português e acabou por autorizar Portugal a pagar o remanescente da dívida ao Fundo Monetário Internacional até ao final de 2018. No entanto, o mecanismo liderado por Klaus Regling exigiu também que Portugal cumprisse com pagamentos de dois mil milhões de euros adiantados aos credores entre 2020 e 2023, depois de completar os pagamentos ao FMI. 

“Esta poupança, em conjunto com um forte desempenho económico, são vistos como um sinal positivo para os mercados”, reforçou Klaus Regling.

Recorde-se que o total emprestado pela troika, durante o resgate financeiro a Portugal foi dividido pelo FMI, Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF) e a União Europeia de forma igual. Com este pagamento, Portugal pagou tudo o que devia ao FMI cinco anos antes do previsto, depois de, em 2015, ter começado a fazer pagamentos antecipados.

A permissão para que Portugal pagasse primeiro a dívida ao FMI foi uma das mais discutidas nos últimos meses pelas autoridades nacionais e instituições europeias.