Bancos voltam a aumentar concessão de crédito

Estas subidas verificam-se tanto no crédito à habitação como no consumo.

Os bancos voltaram a abrir o cordão à bolsa no que diz respeito à concessão de crédito. Só no crédito à habitação, os bancos emprestaram 811 milhões de euros em outubro, o que representa um aumento face aos 790 milhões de euros concedidos no mês anterior. Já desde o início do ano, as novas operações de crédito à habitação ultrapassaram os 8100 milhões de euros, o que representa um aumento de 21,7% face a igual período do ano passado. Trata-se do valor mais elevado desde 2010. 

Também a concessão do crédito ao consumo não ficou alheia a esta tendência. Só em outubro, os bancos emprestaram 397 milhões de euros, uma subida face aos 353 milhões de euros registados no mês anterior. No acumulado desde janeiro, as novas operações totalizam 3882 milhões de euros, uma subida de 14% face a igual período homólogo.
Quanto ao crédito para outros fins, as novas operações de outubro ascenderam a 154 milhões de euros, tal como no mês anterior. Nos primeiros dez meses foram concedidos 1494 milhões de euros, ainda assim, uma redução face aos 1632 milhões de euros concedidos em igual período de 2017.

Em relação às empresas, foram concedidos 2544 milhões de euros em outubro, mais do que os 2110 milhões de euros emprestados no mês anterior. No acumulado do ano, foram emprestados mais de 25 mil milhões de euros, um aumento de 10,9% do que no período homólogo.

Regras apertam

As novas recomendações do BdP têm como objetivo limitar a concessão de crédito por parte das instituições financeiras de forma a que as famílias apenas gastem metade do seu rendimento com empréstimos bancários e também que os bancos não assumam riscos excessivos nos novos créditos garantindo que os clientes tenham capacidade de pagar as dívidas. Essa cautela foi entretanto assumida pelo secretário de Estado das Finanças, Ricardo Mourinho Félix, ao chamar a atenção para o facto de bancos deverem ter cautela na concessão de crédito, especialmente ao consumo, para não pôr em causa o trabalho feito em tornar as instituições mais sólidas e pediu “vigilância”.

Estas limitações surgiram depois do Banco de Portugal ter admitido no início de junho, no Relatório de Estabilidade Financeira, que há “alguns sinais” de sobrevalorização dos preços do imobiliário, embora limitados.

Para já, estas regras são apenas uma recomendação — ainda que os bancos que não as cumpram tenham de se explicar –, mas em maio o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, avisou no parlamento que se os bancos não as respeitarem poderão passar de recomendações a ordens vinculativas.