Venezuela. Maduro alerta que EUA estão a preparar invasão

O presidente venezuelano fez a acusação contra o conselheiro de segurança nacional John Bolton

O primeiro-ministro venezuelano, Nicolás Maduro, acusou hoje o conselheiro de segurança nacional norte-americano, John Bolton, de preparar um plano para os Estados Unidos invadirem a Venezuela. Todavia, Maduro não apresentou quaisquer provas que corroborassem as suas declarações. 

"Foi atribuído ao senhor Bolton, mais uma vez, o papel de chefe de uma conspiração para encher a Venezuela de violência e arranjar forma para um intervenção militar estrangeira", disse Maduro numa conferência de imprensa. O presidente venezuelano acrescentou ainda que o conselheiro nacional norte-americano está a coordenar o treino de mercenários em bases na Colômbia e Estados Unidos – algo que Washington já fez no passado com, por exemplos, os Contras em Fort Bragg, na Carolina do Norte há décadas. 

A administração do presidente Donald Trump ainda não respondeu às acusações. 

As acusações de hoje também foram proferidas no domingo. Maduro denunciou haver uma tentativa "coordenada diretamente pela Casa Branca para perturbar a vida democrática na Venezuela e tentar dar um golpe de Estado contra o governo constitucional, democrático e livre do país". Também não apresentou provas, mas sabe-se que Trump levantou a possibilidade de invadir a Venezuela em várias reuniões com os seus mais próximos e até com líderes latino-americanos à margem da última Assembleia-Geral das Nações Unidas. 

A eleição presidencial de Jair Bolsonaro também veio alterar o xadrez geopolítico na América do Sul. Recorde-se que o presidente colombiano, Iván Duque, mostrou-se estar disposto a apoiar qualquer ação para derrubar o regime venezuelano no telefonema de congratulação pela vitória eleitoral com Bolsonaro. "Se [o presidente eleito Jair] Bolsonaro ajudar a derrubar Maduro com uma intervenção militar, terá o apoio da Colômbia", contou uma fonte diplomática ao "Folha de São Paulo". "Se for Trump ou Bolsonaro, o primeiro a colocar os pés na Venezuela para derrubar Maduro, a Colômbia vai atrás sem vacilar", afirmou a fonte. 

O governo colombiano desmentiu a notícia, mas o jornal brasileiro reafirmou-a. 

As tensões entre Washington e Caracas voltaram a subir nos últimos dias com a chegada de bombardeiros russos com capacidade ofensiva nuclear à Venezuela para participarem em exercícios militares venezuelanos. Num contexto internacional em que Washington e Moscovo se encontram em campos opostos no xadrez geopolítico e onde o regime venezuelano receia intervenções militares estrangeiras, é normal que Caracas se vire cada vez mais para a Rússia à procura de apoio. 

"Estamos a preparar-nos para defender a Venezuela até ao último momento caso seja necessário", afirmou o ministro da Defesa Venezuelano, Vladimir Padrino, durante o evento de receção aos bombardeiros russos. "Vamos fazê-lo com os nossos amigos, porque temos amigos no mundo que defendem relações respeitosas e de equilíbrio". 

No início do mês Maduro viajou para Moscovo, onde se encontrou com o presidente russo, Vladimir Putin, para se "expandir as relações diplomáticas entre países irmãos". E, dias antes da viagem do presidente venezuelano, Maduro encontrou-se com o seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, em Caracas. Foram assinados acordos de cooperação bilateral na ordem dos quatro mil milhões de euros, incluindo na área de defesa.