Só Benfica escapa a prejuízos

Sporting e FC Porto continuam com as contas no vermelho.  E o clube portista junta o título de campeão na Liga com o das perdas e no aumento da dívida bancária na época 2017/2018

O FC do Porto conquistou o título de campeão nacional de futebol na época 2017/2018 e também o de campeão dos prejuízos, quando comparados os resultados dos três grandes. A SAD dos dragões apresentou prejuízos de 29 milhões de euros, logo seguido do Sporting, com perdas de 19,9 milhões de euros. Só o Benfica contrariou esta tendência, ao apresentar lucros de 20,9 milhões de euros. 

As boas notícias para a SAD do clube encarnado continuam no que diz respeito aos rendimentos operacionais, já que ultrapassaram os 121 milhões de euros, que foram impulsionados pelos direitos de televisivos, patrocínios e pelo prémios da UEFA.

Já a Porto SAD apresentou o maior nível de gastos operacionais, a rondar os 134 milhões de euros. A culpa deveu-se, em parte, à elevada despesa com gastos com pessoal, que se fixaram em 78,8 milhões de euros. E isso tornou as contas do clube com os capitais próprios mais negativos face aos seus concorrentes, dado os resultados transitados e líquidos incorporados neste período.

Más notícias também para o clube leonino, cujos rendimentos operacionais (97,1 milhões de euros) sofreram um decréscimo de 50 milhões de euros face à época anterior, resultado do menor volume de patrocínios, aliado ao baixo resultado proveniente da compra e venda de atletas. E os casos falam por si: só na época 2016/2017, o clube de Alvalade vendeu jogadores como João Mário, Slimani e Ruben Semedo, enquanto nesta última época, as alienações foram as de Adrien Silva e Paulo Oliveira, entre outros. 

Os desvios continuaram no que diz respeito à evolução dos resultados operacionais, excluindo os atletas, quando comparados com a época anterior. Ainda assim, a Benfica SAD é a única que mostrou uma evolução positiva, de mais de 1,1 milhões de euros devido, por um lado, ao aumento em direitos em televisão e, por outro, à poupança em gastos com pessoal (prémios de objetivos). 

Mas é o clube portista que apresenta o maior desvio, na ordem dos cinco milhões de euros. A explicação é simples: deveu-se, acima de tudo, ao aumento dos gastos com pessoal (no montante de 5,5 milhões de euros). 

Também a Sporting SAD manteve uma evolução negativa nos resultados (menos 1,8 milhões de euros), apesar de se ter assistido a um aumento na venda de bilhética e aos prémios UEFA, permitindo encaixar mais 7,7 milhões de euros. No entanto, acabou por gastar mais com pessoal (mais 9,8 milhões de euros), resultado do investimento na plantel e na equipa técnica. 

Gastos elevados

Analisando as contas dos três grandes, conclui-se ainda que é a rubrica de despesas com pessoal que apresenta maior peso nos gastos operacionais. Mas é na SAD do Sporting que ganha maior relevo, já que representa 68% da sua totalidade. No entanto, esta questão também ganha alguma dimensão na Porto SAD. Aliás, é nos dois clubes que se verifica um maior aumento, refletindo os prémios pagos aos seus planteis e equipas técnicas.

A contrariar este cenário está a Benfica SAD, ao apresentar uma redução dos gastos operacionais em consequência da diminuição das remunerações variáveis e das indemnizações. 

No entanto, se analisarmos estes números numa ótica financeira da época 2017/2018, o clube leonino foi a sociedade que mais investiu na aquisição de atletas. São os casos, por exemplo, das contratações de Marcus Acuna, Bruno Fernandes e Marcus Wendel. Em contrapartida, o SCP conseguiu ter um retorno na ordem dos 36,5 milhões de euros com as vendas de Ruben Semedo e Hadi Sacko (na época de 2016/2017) e com Adrien Silva nesta última época.

Já o clube da luz apresentou, nessa época, o maior retorno em alienações. Altura em que vendeu os jogadores Nélson Semedo, Mitroglou e João Carvalho, o que permitiu um encaixe de quase 59 milhões de euros. Já na época anterior, beneficiou das alienações de Lindelof e Ederson, o que permitiu aliviar as suas contas em 52,2 milhões de euros. 

Quanto à Porto SAD, a principal fonte de receita foi proveniente das vendas dos atletas Diogo Dalot, Ricardo Pereira e Wily Boly – que se traduziram em 54 milhões de euros.

Dívida bancária

A Sporting SAD tem o menor endividamento bancário, depois de ter levado a cabo uma redução de 16 milhões de euros nesta última época. Esta diminuição deveu-se, em grande parte, à redução dos montantes de empréstimos bancários na ordem dos 15,4 milhões de euros. 

Já a Benfica SAD apresentou a maior diminuição de dívida bancária, ao conseguir reduzir o montante em 110 milhões de euros, fruto da redução dos montantes de empréstimos bancários e do papel comercial. Só a rubrica de empréstimos bancários sofreu uma redução de 48,3 milhões de euros. O mesmo se verificou com a redução do papel comercial, na ordem dos 61 milhões de euros, o que permitiu uma poupança de 1,8 milhões de euros em juros. No entanto, os reembolsos dos empréstimos bancários e do papel comercial ocorreram devido a uma operação de cedência de créditos das receitas da NOS no montante de 108 milhões de euros.

Ativos caem

Em contraciclo está a Porto SAD, ao apresentar o maior endividamento bancário e após ter aumentado a sua dívida em 89 milhões de euros. O papel comercial registou um aumento de 7,6 milhões de euros, enquanto os empréstimos obrigacionistas registaram uma redução de 10,4 milhões de euros. 

Com exceção da Porto SAD, tanto o clube leonino como o da luz registaram uma decréscimo no total do ativo. No caso do clube portista assistiu-se a um aumento na ordem dos 47,6 milhões de euros, beneficiando do aumento de clientes, ou seja, dos valores a receber dos passes dos atletas. 

Já o ativo da Benfica SAD registou um decréscimo de cerca de 33 milhões de euros face ao verificado na época anterior. Esta diminuição deve-se, sobretudo, à rubrica de ativos intangíveis (impacto amortizações) e de clientes – resultado do recebimento de passes. Por seu lado, a Sporting SAD apresentou o menor nível de ativo ao registar uma redução de 47,3 milhões de euros.

Em relação ao passivo, a Benfica SAD registou uma diminuição de mais de 40 milhões de euros, fruto essencialmente do decréscimo a fornecedores. O mesmo exemplo foi seguido pelo clube de Alvalade, ao apresentar um decréscimo de cerca de 28,3 milhões de euros – deve-se, em parte, à redução dos empréstimos e das provisões. Já a Porto SAD aumentou o passivo em mais de 76,6 milhões de euros, resultado do aumento dos empréstimos.