Donald Trump batiza novo animal. Homenagem ou crítica?

O objetivo da nomeação foi criticar a política ambiental da administração norte-americana

Um anfíbio cego e que enterra a cabeça na areia, recentemente descoberto, foi nomeado ‘Dermophis donaldtrumpi’, numa referência à política ambiental do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. 

O animal foi descoberto no Panamá, e o direito a nomear a nova espécie foi ganho num leilão pela EnviroBuild, uma empresa de materiais sustentáveis. O cofundador da empresa, Aidan Bell, afirmou que "[Dermophis donaldtrumpi] é particularmente suscetível aos impactos das mudanças climáticas, e como tal está em risco de extinção, como resultado direto das políticas climáticas do seu homónimo”. 

A pequena e cega criatura é um tipo de anfíbio que vive debaixo do solo, levando Aidan Bell a fazer uma comparação pouco lisonjeira com o presidente norte-americano. "Enterrar a cabeça na areia ajuda Donald Trump, quando evita o consenso científico acerca das causas humanas das mudanças climáticas", considerou o cofundador da EnviroBuild.

A comunidade científica atingiu um consenso sobre as origens maioritariamente humanas das alterações climáticas. Já Donald Trump tem acusado os cientistas de terem uma agenda política, e tem dúvidas sobre o assunto. "Eu não sei se a atividade humana é responsável" afirmou numa entrevista à CBS em outubro. "Não nego as alterações climáticas, mas [as temperaturas] poderão muito bem voltar aos níveis anteriores" defendeu o presidente, sem grandes explicações adicionais.

Donald Trump tinha já escrito no Twitter que "O conceito de aquecimento global foi criado por e para os chineses, de maneira a tornar a indústria dos EUA menos competitiva".

No entanto, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), a agência das Nações Unidas encarregue de estudar as alterações climáticas, composta de cientistas respeitados por todo o mundo, afirma categoricamente que "as evidências científicas do aquecimento do sistema climático são inequívocas"

A administração de Trump já afirmou que pretendia sair do Acordo de Paris, que visa estabelecer metas para a redução das emissões de gases com efeito de estufa. Na última Cimeira Climática, a COP24, na Polónia, a administração organizou eventos em defesa de uma utilização "limpa" de combustíveis fósseis.  

Os fundos angariados no leilão do nome da nova espécie reverteram para a Rainforest Trust, uma associação cujo propósito é salvar as florestas tropicais, ameaças pela ação humana. Chris Redston, o diretor executivo da Rainforest Trust no Reino Unido disse que "Proteger as florestas tropicais sobreviventes no mundo é considerado como uma das maneiras mais eficientes de mitigar as alterações climáticas, no entanto, quase 30 000 hectares de floresta tropicais são destruídos diariamente.". Refere ainda que "Esta destruição não é apenas uma das principais causas de alterações climáticas, mas também tem tido um efeito devastador em espécies ameaçadas, nas comunidades indígenas e nos padrões meteorológicos do planeta".