Natal. Quando esta época é sinónimo de poupar

Fuja das prendas caras e evite o consumismo desenfreado tão comum nesta altura do ano. Olhe para aquele dinheiro extra que passou a ter quando recebeu o subsídio de Natal e aplique-o. Não há produtos com rentabilidades milagrosas, nem aplicações totalmente isentas de riscos, mas há praticamente ofertas para todos os gostos e necessidades –…

Para alguns o subsídio de Natal é sinónimo de gastos, mas para muitos representa uma possibilidade de poupança. O que é certo é que esta é a melhor altura para conseguir rentabilizar este dinheiro extra. Por isso, comece já a escolher o produto que melhor se adequa às suas necessidades. Mas antes disso analise o seu perfil de risco: Se for conservador prepare-se para receber menos, mas pelo menos, tem a garantia de que o dinheiro que aplicou está seguro. Caso contrário, opte por escolher produtos mais arriscados e, que por isso, dão rendimentos mais elevados. O b,i. fez uma ronda pelos vários produtos de poupança e mostra-lhe várias alternativas, umas com menos risco, outras com mais. A partir daí, é só escolher.

 

Depósitos a prazo

Se a sua simplicidade é uma das vantagens, a taxa de remuneração oferecida torna este produto financeiro menos atrativo face à queda da taxa da Euribor em todos os prazos. Apesar de ter vindo a perder adeptos nos últimos anos devido às taxas de juro que apresenta, continua a ser um dos instrumentos de poupança preferidos dos portugueses. A maioria dos depósitos está a pagar juros próximos do 0% e só consegue contrariar esta tendência se procurar as ofertas para novos clientes ou montantes elevados.

 Mas se é certo que não existe nenhuma aplicação financeira que esteja 100% isenta de risco, também é verdade que há aplicações que comportam um risco maior do que outras. Se analisarmos a escala de risco dos vários produtos financeiros disponíveis para os aforradores e investidores, os depósitos estão entre as aplicações mais seguras – no pior cenário e se o banco falir, os clientes podem recorrer ao Fundo de Garantia de Depósitos até 100 mil euros por banco e por titular.

 

Certificados

Outra alternativa passa por investir em dívida pública. E é aqui que entram os certificados de aforro, do tesouro ou obrigações do tesouro. Neste universo, os Certificados do Tesouro Poupança Crescimento (CTPC) – que vieram substituir os Certificados do Tesouro Poupança Mais – são o produto que mais interesse tem despertado. No caso do aforro, a taxa de remuneração é calculada com base na média dos valores da Euribor a três meses observados nos dez dias úteis anteriores, acrescida de 1%. Como a Euribor está atualmente em valores negativos, a taxa de juro para novas subscrições de certificados de aforro (série E) foi fixada em 0,68% bruta. Já nos CTPC, a taxa de juro é crescente: no primeiro e segundo anos são pagos 0,75% (remuneração bruta) e sobe para 1,05% no terceiro ano, 1,35% no quarto, 1,65% no quinto e 1,95% no sexto, até atingir no último ano 2,25%. A taxa de juro a partir do segundo ano é acrescida de um prémio correspondente a 40% do crescimento médio real do PIB, a preços de mercado nos últimos quatro trimestres conhecidos no mês anterior à data de pagamento de juros.

As Obrigações do Tesouro são outra alternativa e, desde 2016, ganharam uma nova vida quando Estado lançou as Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV). Este produto inverteu a tendência de desinvestimento que as famílias portuguesas vinham fazendo em títulos de dívida.

Nos três casos só há risco de perder capital se o Estado entrar em incumprimento.

 

Plano Poupança Reforma

Os Planos Poupança-Reforma (PPR) têm vindo a perder parte do interesse nos últimos anos, em parte devido à perda de benefícios fiscais, mas sem dúvida que continuam a ser vistos como os principais complementos da reforma. No entanto, o interesse de continuar a aplicar em PPR fica circunscrito aos aforradores entre os 40 e os 55 anos. A fórmula é simples: quem está a menos de dez anos da aposentação não deve aplicar neste produto de poupança. Para quem já subscreveu e se concluir que o desempenho deixa a desejar, então o melhor é transferi-lo para outro mais rentável e com menos custos. O Estado apresenta igualmente um produto próprio, conhecido como o PPR do Estado, mas não tem tido grande sucesso. O que basicamente acontece com estes produtos é que a Segurança Social descontará uma parte do seu ordenado mensalmente para esta conta. Ou seja, as contribuições mensais são convertidas em unidades de participação num fundo de investimento – o Fundo dos Certificados de Reforma. O trabalhador pode escolher o montante que deseja acumular mensalmente através de uma taxa contributiva que pode ser de 2%, 4% ou 6% (neste último caso se tiver mais de 50 anos).

 

Bolsa

O investimento direto na bolsa é sem dúvida uma das aplicações que mais assusta os portugueses. E, se por um lado, pode representar um negócio rentável, por outro, o risco é sempre mais elevado em relação aos outros produtos de investimento. O investidor pode fazer a compra individualmente, quando escolhe diretamente as ações que deseja, ou através de fundos de ações, ao adquirir unidades de participação de um destes instrumentos. Os especialistas aconselham os interessados a fazer este investimento a prazo (pelo menos a cinco anos) para ultrapassarem as flutuações do mercado.

Qual a melhor solução para aplicar o seu dinheiro? O melhor é ir investindo de forma periódica e regular. A tendência dos mercados financeiros é para valorizar a longo prazo. O investimento periódico e regular permite ainda expurgar os efeitos da emoção no investimento. Não vale a pena tentarmos adivinhar o melhor momento para investir.

Não se esqueça, no entanto, de que em momentos de maior incerteza devemos evitar o investimento num determinado ativo. O foco deverá passar por uma estratégia diversificada em que apostamos em vários ativos e, eventualmente, em classes de ativos distintas. Além disso, siga sempre a regra de «dividir para reinar»: ao escolher títulos de diferentes países e setores, consegue reduzir as flutuações do investimento.

Tenha também em conta o intermediário financeiro: uma opção acertada pode significar uma poupança de muitos euros – isto porque a eleição do melhor intermediário financeiro depende do seu perfil de investidor.

 

Ouro

A aposta no ouro continua a ser vista como um bom investimento de refugo, por isso é natural que ganhe mais adeptos em alturas de crise. O que é certo é que há várias forma de investir nesta matéria-prima: desde ter o metal precioso nas mãos, comprando moedas e barras, até investir em produtos financeiros com exposição ao ouro, a oferta disponível no mercado é mais do que variada. Mas não se esqueça de ter em consideração o horizonte temporal, que deve ser encarado numa perspetiva de longo prazo, e as perdas potenciais do investimento, já que, nos últimos tempos, o ouro tem vindo a perder o seu brilho.