EUA. Líder na luta ao Estado Islâmico renuncia após Trump decidir retirar tropas da Síria

Nomeado pela admnistração Obama, Brett McGurk segue o secretário da Defesa na demissão depois de Trump anunciar a retirada da Síria. O presidente dos EUA defende que, no ponto em que as coisas estão, os outros países já são capazes de dar conta da ameaça que o Estado Islâmico representa

O enviado norte-americano para liderar as operações de combate ao Estado Islâmico na Síria devia abandonar o seu posto apenas no próximo mês de fereiro, mas esta sexta comunicou ao Departamento de Estado que queria acelerar a sua saída da Administração. A demissão surge na sequência da decisão de Donald Trump de retirar o contigente de forças militares norte-americanas da Síria.

Brett McGurk vem assim juntar-se ao ex-secretário da Defesa, James Mattis, que anunciou esta semana o seu afastamento. McGurk era um dos poucos funcionários da administração Obama que tinham permanecido em funções depois de Trump ter tomado posse. Este enviado especial que liderou a coligação no esforço para derrotar o Estado Islâmico foi nomeado em 2015.

A notícia foi avançada pela CBS News, que citava fontes anónimas e adiantava que McGurk, numa carta endereçada ao secretário de Estado, Mike Pompeo, terá expressado "uma veemente discordância" face à decisão do presidente norte-americano. Assim, ao invés de deixar o cargo em fevereiro, McGurk sairá já no final deste mês.

Quanto a James Mattis, na sua carta de demissão ficou implícito que discordava totalmente com a leitura que Trump faz do momento que se vive na Síria, o que terá provocado a ira do presidente. De acordo com o que foi avançado por vários jornais, Trump terá sido persuadido pelo presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan, a retirar as tropas da Síria. O líder norte-americano recebeu uma chamada de Erdoğan, e depois comunicou a sua decisão, e isto numa altura em McGurk estava na região para se reunir com os aliados curdos, que receiam que a retirada do contingente de 2000 mil soldados norte-americanos possa abrir caminho para um ataque por parte da Turquia.

Uma vez mais, Trump tomou a decisão sem levar em conta a opinião de elementos-chave da sua administração, e, assim ignorou McGurk que, em 11 de dezembro, tinha dito aos jornalistas que achava que o mais seguro seria que as forças norte-americanas fossem mantidas no terreno após a derrota física do califado, "até termos a situação controlada e podermos garantir que as chamas não se reacendem".