O sentido do Natal na cidade

Vale a pena pensar no significado e na razão de ser de cada gesto e de cada atitude que se tomam em época natalícia

«Não será Natal se procurarmos as montras luminosas deste mundo, se nos enchermos de presentes, almoços, jantares e não ajudarmos pelo menos um pobre, que se parece com Deus, porque no Natal Deus chegou pobre» (Papa Francisco).

O Natal marca e celebra o nascimento de Jesus Cristo. É uma época com especial significado para os cristãos mas que influencia a vida da nossa sociedade culturalmente identificada com os valores cristãos. De forma consciente ou inconsciente, muitos dos hábitos nesta ocasião do ano são influenciados por práticas cristãs. As refeições entre amigos e a reunião das famílias, a deslocação às localidades de origem, as trocas de presentes, as iluminações nas ruas, a especial atenção aos mais pobres e doentes e claro, os presépios, são gestos com fundamento no nascimento de Jesus.

No entanto, embora muitas das rotinas desta época tenham origem e fundamento cristãos, de forma intencional nuns casos ou apenas desatenta noutros, a sociedade foi perdendo o original e verdadeiro sentido do Natal.

Na azáfama dos almoços e jantares de ‘Natal’, nos apelos ao consumismo, na correria das compras e na intensidade das luzes perde-se a disponibilidade para pensar no verdadeiro sentido do Natal. Aliás, tal é a precipitação que muitas vezes se perde a razão de ser dos gestos que se tomam a pretexto do Natal. Se esta atitude é questionável nos não crentes, é preocupante nos cristãos.

 

Vale a pena pensar no significado e na razão de ser de cada gesto e de cada atitude que se tomam em época natalícia. Não há como ignorar o fundamento cristão que envolve as rotinas deste período.

Quando se viaja para a terra natal faz-se o mesmo que José e Maria fizeram quando se tiveram de recensear na terra natal de José – Belém da Judeia – onde nasceu Jesus.

Quando nos reunimos em família estamos a exaltar o significado e importância do exemplo da união da Família de Jesus.

 

Quando iluminamos as ruas e as árvores estamos a recriar a luz que iluminou e orientou os Reis Magos que procuraram Jesus após o seu nascimento e estamos também a sublinhar o significado da luz que o nascimento de Cristo trouxe enquanto Salvador.

Quando damos um presente estamos a imitar o gesto dos Santos Reis Magos que ofereceram ouro, incenso e mirra ao Menino Jesus quando o foram adorar.

Mas sobretudo, quando nos preocupamos com os pobres estamo-nos a lembrar de Jesus que nasceu pobre, num estábulo, despojado de conforto.

Infelizmente, passamos a época do Natal sem tempo para nos lembrarmos do sentido cristão de cada gesto que ganha outro significado se o fizermos.

 

Falta tempo para sentirmos o Natal, mas faltam também símbolos cristãos que nos confrontem com o seu significado: evitam-se as figuras relacionadas com o nascimento de Jesus como os anjos ou os sinos nas iluminações de rua e faltam presépios de rua que tornem incontornável a razão de ser do Natal que todos comemoram. A cultura ocidental em que nos inserimos é marcada pelos valores cristãos. A afirmação da nossa identidade não deve ignorar os símbolos que a corporizam.

 «Se o Natal se reduzir a uma bela festa tradicional, no centro da qual estamos nós e não o Deus Menino, será uma ocasião perdida. Por favor, não mundanizemos o Natal! Não ponhamos de lado o Festejado» (Papa Francisco).