Ténis feminino luso perdeu duas estrelas

Michelle Larcher de Brito (MLB) só jogou quatro torneios em 2018, o último dos quais em março. Diz-se que tornou-se treinadora de uma academia na Florida, onde também abriu um hotel para cães. Sabe-se tão pouco da melhor tenista portuguesa de sempre, que aos 9 anos demandou para os Estados Unidos, mas dificilmente voltaremos a…

Michelle Larcher de Brito (MLB) só jogou quatro torneios em 2018, o último dos quais em março. Diz-se que tornou-se treinadora de uma academia na Florida, onde também abriu um hotel para cães.

Sabe-se tão pouco da melhor tenista portuguesa de sempre, que aos 9 anos demandou para os Estados Unidos, mas dificilmente voltaremos a vê-la a jogar pela seleção nacional ou em torneios do Grand Slam, ela que bateu Maria Sharapova em Wimbledon e foi 76.ª no ranking mundial.

Só tive algum contacto com MLB em 2010 quando Portugal organizou um dos grupos da Fed Cup.

Fiz parte do Gabinete de Imprensa desse evento e gostei do trato, alegria e simpatia de Michelle e dos seus pais, mas nunca mais tive qualquer outro contacto com eles.

Por isso, apesar de proclamar que MLB tem o melhor palmarés de sempre do ténis feminino português e de ter sentido sempre orgulho por ela representar (tão bem) a seleção nacional na Fed Cup, não sinto qualquer empatia pela única portuguesa que tem 10 presenças em quadros principais de Majors. Passavam-se anos a fio sem que ela competisse em Portugal.

Das que acompanhei de perto ao longo de mais de 30 anos, Sofia Prazeres e Maria João Koehler (MJK) foram as jogadoras portuguesas que mais me encheram o ‘papo’, pelo enorme potencial que sempre lhes vi.

Pelas mais diversas razões, para aqui irrelevantes, nenhuma cumpriu totalmente esse potencial, mas nem por isso deixam de fazer parte das melhores tenistas portuguesas de todos os tempos.

MJK anunciou esta semana o final da sua carreira, devido a múltiplas lesões, e o abraçar de um novo percurso como treinadora, na Academia de Rafa Nadal em Palma de Maiorca, onde será bem orientada pelo treinador que mais a marcou, Nuno Marques, um técnico cada vez mais conceituado naquela escola do ‘Touro de Manacor’.

Vi MJK com apenas 16 anos conquistar o seu primeiro título internacional, em Cantanhede, onde era o ‘press officer’ do torneio; comentei no Eurosport encontros dela em torneios do Grand Slam e fui sempre apaixonado pelo ténis agressivo desta canhota talentosa, corajosa, de opiniões fortes, uma orgulhosa portuense benfiquista.

Foi seis vezes campeã nacional, 102.ª no ranking mundial, tem alguns recordes como, por exemplo, ser a única portuguesa a jogar o quadro principal dos quatro Majors numa mesma época (2013) e o título mais importante do ténis feminino luso, o 100 mil dólares de Astana em 2012.

Em 2018 o ténis nacional perdeu MLB e MJK, as duas melhores tenistas portuguesas de sempre. Ficámos mais pobres. Têm apenas 25 e 26 anos. São abandonos precoces.