Costa vai cantar vitória na história dos professores

Arménio Carlos prepara-se para ser a figura de 2019. Ninguém terá tantas tropas na rua como ele, líder da CGTP.

O ano de 2019 vai ser marcado por greves sucessivas e o Governo do PS – se quiser manter a esperança de  uma maioria absoluta a 6 de outubro – tem de ter uns bons milhões guardados para satisfazer algumas das classes mais aguerridas nos protestos. 

Parece óbvio que os professores vão continuar a  ser uma enorme dor de cabeça para António Costa, embora suspeite que o veto presidencial sobre a contagem do tempo congelado aos docentes, que não ia além dos dois anos e alguns meses, se vá transformar num trunfo do primeiro-ministro. 

Não será muito difícil de prever que Costa se comprometa com os sindicatos, dizendo-lhes que os outros sete anos que faltam serão faseados no tempo. O líder da ‘geringonça’ conseguirá dessa forma calar os professores, embora o receio do primeiro-ministro seja que, ao abrir a porta na Educação, tenha também de o fazer na Justiça e na Saúde, só para falar em alguns dos temas mais quentes neste final de ano.

Arménio Carlos é, pois, um homem feliz e  já deve ter marcado umas belas jantaradas com o seu colega Mário Nogueira, o professor menos professor da história de Portugal. 

O líder da CGTP sabe que as suas tropas irão desempenhar um papel fundamental no ano que se avizinha e que tem três atos eleitorais marcados: europeias, regionais da madeira e legislativas. 

Calculo que Arménio Carlos esteja mais focado nas legislativas, embora tenha sérias dúvidas que o PCP possa lucrar com as reivindicações alcançadas pelo seu ponta-de-lança nas ruas. 

Está mais do que provado que António Costa tem a capacidade de fazer ver que foi o seu Governo que se sacrificou para dar melhores condições de vida aos trabalhadores e que o PCP e o outro seu aliado parlamentar, o BE, apenas pedem o impossível, já que não têm responsabilidades no Executivo.

Mas as conjecturas são apenas isso: acredito piamente que a CGTP vai transformar o país num verdadeiro estaleiro de manifestações, abafando os animadores amadores dos ‘coletes amarelos’ das tais lojas chinesas, indo de conquista em conquista. 

Depois de conseguir alcançar o acordo para os professores, através do seu companheiro de luta na FENPROF, Mário Nogueira, o líder da CGTP deverá passar para o setor da Saúde, e depois para o da Justiça e a seguir para o da Indústria.

Qualquer sindicalista mais básico, que não é de todo o caso de Arménio Carlos, um brilhante e frio sindicalista, sabe que não há melhor altura para fazer reivindicações do que em ano eleitoral. 

Repito é que tenho sérias dúvidas de que o PCP e o BE consigam colar-se aos êxitos das tropas de Arménio Carlos. 
Com uma oposição inexistente, António Costa precisa apenas de uns cobres de Mário Centeno para ir controlando os danos até às eleições. 

E se o Aliança de Pedro Santana Lopes conseguir tirar eurodeputados ao PSD de Rui Rio nas europeias de maio então é que o caminho ficará ainda mais livre para o PS de Costa ganhar finalmente umas eleições, eventualmente até com maioria absoluta. 

Espero que 2019 seja um belo ano e que tenhamos saúde para ver estes e outros episódios da política à  portuguesa. 
E, já agora, que nos possamos divertir.