Ronaldo: “Bola de Ouro? Respeito quem votou, mas os números falam por si”

O astro do futebol português garante não ser “obcecado por bater recordes” e adiantou o regresso à seleção nacional no ano que agora se inicia

Cristiano Ronaldo garante não ser "obcecado por bater recordes". Ainda assim, em entrevista ao jornal "Record", o internacional português admitiu o desânimo por não ter sido considerado o melhor futebolista do mundo em 2018 nem para a FIFA, nem para a "France Football", a revista gaulesa que atribui a prestigiada Bola de Ouro.

"Foi um ano muito bom, venci a Supertaça espanhola e a Liga dos Campeões, onde marquei 15 golos. Tive boas exibições, senti-me bem e marquei muitos golos, entre os quais provavelmente o melhor da minha carreira. Não vivo obcecado em ganhar prémios individuais, o mais importante é ajudar a equipa e o resto vem com naturalidade. Não sou hipócrita e não escondo que fico feliz quando ganho, mas não é o fim do mundo quando perco. Respeito a decisão de quem votou, mas os números falam por si", frisou o atacante que no último verão trocou o Real Madrid pela Juventus.

Uma mudança obviamente também abordada nesta entrevista. "Estive muitos anos no Real. Não se ganham rotinas de um dia para o outro, mas penso que estou cada vez mais adaptado a esta nova realidade. Estou contente por ver o meu contributo ser valorizado pelos meus colegas e treinador, trabalho para ajudar o clube e para estar no meu melhor nível, o resto surge com naturalidade. Para já os resultados são bons, mas temos de ir trabalhando porque a época é longa", referiu, admitindo o sonho de conquistar a Liga dos Campeões pelo conjunto de Turim: "A Juventus tem tido esse objetivos todos os anos e tem estado perto, mas há outras equipas que também querem e só uma equipa pode vencer. Não deve ser uma obsessão para nós, mas é evidente que vamos lutar com todas as forças para conquistar o troféu."

Essa transferência levou também a que o CR7 optasse, em conjunto com o selecionador nacional, Fernando Santos, e a Federação Portuguesa de Futebol, ficar ausente das opções durante a segunda metade de 2018 – por essa razão não participou em qualquer partida da fase de grupos da Liga das Nações. Na final four, porém, tudo indica que voltará a capitanear a equipa das Quinas. "Tive uma conversa com o presidente da Federação e com o selecionador e ficou acordado que eu não estaria nos convocados para os jogos da primeira metade da época. Tenho 33 anos, tinha acabado de mudar de país, de métodos de trabalho, de companheiros de equipa, de rotinas profissionais e pessoais. Acho que foi a melhor solução para todos. Mas em 2019 conto estar à disposição do selecionador", asseverou Ronaldo, garantindo ter sofrido por fora com os jogos onde não marcou presença: "Claro que torci por fora. Acompanho sempre os jogos da seleção, mesmo quando não estou presente. É tão especial que é difícil explicar por palavras. Ter um país inteiro a vibrar e a torcer por nós… Todos os portugueses espalhados pelo Mundo, de todas as idades, famílias inteiras, as nossas próprias famílias, os nossos amigos, todos juntos num enorme apoio, é algo indescritível."

Outro dos assuntos abordados foi o da realidade atual no Sporting, o seu clube do coração, mas também ainda do sucedido na Academia de Alcochete em maio passado. Um cenário no qual o próprio Ronaldo teve dificuldades em acreditar. "Fiquei estupefacto, incrédulo, indignado e também preocupado pelos amigos que tinha e tenho no plantel. Por outro lado, também com um sentimento de tristeza por ver uma situação destas acontecer no clube do meu coração, que acabou por sair fortemente prejudicado. Já tinha estado em contacto com eles antes do estágio para o Mundial, para dar apoio e mostrar-me solidário. Quando nos reunimos mais tarde, o essencial era focarmos atenções na competição e já não abordávamos o assunto", afirmou, pedindo "união em torno do clube" aos adeptos e deixando elogios a Frederico Varandas, o atual presidente leonino: "Como sportinguista, desejo que consiga fazer um bom trabalho e que leve o Sporting ao sucesso. Penso que tem condições para isso, não só pelo que me dizem, mas também pelo que conheço dele."

No último defeso, e aparte toda a confusão em torno da presidência do clube, o Sporting conseguiu o regresso de Nani, uma das maiores pérolas saídas da formação verde-e-branca – tal como Cristiano Ronaldo. O CR7 garante ter visto com muita satisfação a opção tomada pelo clube e pelo seu amigo e ex-colega no Manchester United e na seleção. "Fico contente por vê-lo feliz e a jogar. Está de volta à casa onde crescemos como jogadores e como homens, por isso sei que está bem", vincou. Quando questionado sobre se ele próprio se via a voltar a Portugal, a resposta já foi mais taxativa: "No futebol, nunca se sabe…".