Antigo juiz do Supremo Tribunal venezuelano foge para os EUA

O antigo aliado de maduro afirma que fugiu por dissidência política. O Supremo revelou que era investigado por assédio sexual

Um antigo juiz do Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela, Christian Zerpa, fugiu para os Estados Unidos. Denunciou o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que toma posse esta semana para um segundo mandato. Os partidos da oposição boicotaram as eleições, que consideraram uma farsa. 

"Decidi abandonar a Venezuela para rejeitar o o governo de Nicolás Maduro" disse Zerpa numa entrevista à EVTV, um canal noticioso de Miami, virado para a diáspora venezuelana. Acrescentou: "Acredito que [Maduro] não merece uma segunda oportunidade porque as eleições, que supostamente ganhou, não foram livres nem competitivas".

O Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela já reagiu. Num comunicado, afirmou que "o ex-magistrado Christian Zerpa fugiu do país por ser investigado por assédio sexual, atos lascivos e violência psicológica". Segundo o Supremo Tribunal, a denuncias terão sido feitas por funcionárias do seu gabinete, várias das quais se demitiram ou pediram transferência. As queixas terão sido investigadas pelo Conselho Moral Republicano, e perante as alegações, o Supremo decidiu demitir Zerpa, para lhe retirar a imunidade para que enfrentasse a justiça ordinária. 

O Supremo negou assim a tese de que a dissidência se deva a uma súbita divergência política, mas sim a uma fuga à justiça. Zerpa foi durante anos um aliado crucial do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), o partido de Maduro. Apoiou-o em todas as disputas legais desde a sua eleição, pronunciando-se inclusivamente a favor da decisão de Maduro de retirar poderes ao congresso, em 2016, quando o PSVU perdeu eleitoralmente controlo do orgão.

Zerpa apelidou o Supremo Tribunal "apêndice do poder executivo". Disse que não tinha feito antes críticas ao governo para tratar, em segurança, da sua saída e da sua família do país.