Arcebispo de Lyon vai a tribunal por encobrimento de pedófilia

Os abusos terão sido cometidos pelo padre Bernard Preynat, que já confessou os crimes. O Papa Francisco chegou a defender a atuação do arcebispo.

O arcebispo de Lyon, Philippe Barbarin, vai ser julgado esta segunda-feira, por não ter agido em relação a antigos abusos sexuais contra escuteiros da sua diocese. É o clérico de mais alto nível acusado de encobrir pedófilia em França, e será ser julgado juntamente com outros cinco padres. É levado a tribunal graças aos esforços da Parole Liberee (palavra livre), uma associação de vítimas de abusos por clérigos.

Barbarin é acusado de não reportar as alegações dos abusos sexuais do padre Bernard Preynat, que ocorreram nos anos oitenta e noventa. Os abuso já terão sido confessados por Preynat, segundo o advogado do próprio.

O arcebispo de Lyon afirmou ao Le Monde que nunca tinha encoberto as alegações contra Preynat, mas admitiu:"Eu próprio me apercebo que a minha resposta não foi adequada". O seu advogado, Jean-Felix Luciani, espera que o arcebispo seja ilibado, diz que "ele é acusado de encobrir o Preynat, quando de facto foi Barbarin que desencadeou todo este processo". Considerou que o processo era "reparar uma injustiça com outra".

Transferido para a diocese de Lyon em 2002, Barbarin diz que soube dos abusos do padre Preynat em 2007, mas admitiu que só o removeu do seu posto em 2015. Quanto a alegações mais antigas, o arcebispo disse que falou com autoridades superiores e ninguém respondeu. Segundo disse ao Le Monde, em 2017, o arcebispo afirmou que começou a investigar Preynat por ruptura da lei canónica porque a investigação judicial está a ser muito lenta.

"De acordo com a informação à minha disposição, o cardeal Barbarin tomou as medidas apropriadas, tomou a situação nas suas mãos. É corajoso, creativo, missionário", considerou o Papa Francisco numa entrevista ao jornal La Croix, em junho de 2016.