Nicolás Maduro toma posse apesar de não ser reconhecido

As eleições que o elegeram não foram reconhecidas pela Assembleia Nacional venezuelana, nem por boa parte da comunidade internacional. Portugal não estará representado na cerimónia.

Nicolás Maduro assume esta quinta-feira o seu segundo mandato como presidente da Venezuela, oito meses depois de conseguir quase 70% dos votos numas eleições boicotadas pela oposição e acusada de irregularidades. O país enfrenta uma crise alimentar e de acesso a bens de necessidade básica, um êxodo de parte da sua população, que procura melhores condições de vida, e a contestação da oposição, muitas vezes violenta. Maduro já garantiu que tomará medias "duras e enérgicas". 

A tomada de posse de Maduro e não é reconhecido pela Assembleia Nacional venezuela, controlada pela oposição, nem por diversos países, incluíndo os EUA, o Canadá, a maioria dos países da UE e o Grupo de Lima, cujos Estados membros, à excepção do México, condenaram a tomada de posse. Muitos governos já confirmaram não enviaram um representante à tomada de posse. O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos da Silva, já confirmou que Portugal não estará representado. A UE tem discutido a manutenção de sanções à Venezuela. As sanções tinham sido aplicadas em novembro de 2017, e foram mantidas em 2018 após a UE não ter reconhecido o resultado das eleições que elegeram Maduro.

O mandato tem duração prevista até 2025, e a cerimónia decorrerá a partir das 10h GMT, será transmitida ao vivo pela televisão venezuelana e conduzida pelo Supremo Tribunal. Contrariando a Constituição, a tomada de posse não terá o juramento perante a Assembleia Nacional. Para além de esta não reconhecer a autoridade de Maduro, o presidente considera que o orgão está em "situação de desacato".

Maduro conta com o apoio do Supremo Tribunal venezuelano, tal como "a lealdade absoluta" das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas, declarada pelo ministro da Defesa, Vladimir Padrino. Mas apesar das declarações públicas do ministro da Defesa, subsistem dúvidas se manterá o seu apoio ao presidente eleito, face à condenação geral que este enfrenta. Segundo um agente das secretas norte-americanas, citado pelo "Washington Post", Padrino terá, durante o último mês, ultimado Maduro afastar-se, ameaçando a sua demissão caso este não o fizesse. Até agora a ameaça ainda não se confirmou, e Padrino tem enviado publicamente mensagens de apoio ao presidente eleito.