João Ermida continua a ser avaliado pelo BdP

Nome sugerido para futuro chairman do Montepio ainda continua sujeito a avaliação. Prazo para Carlos Tavares acumular as duas funções termina a dia 20, mas poderá ser prolongado.

A contagem decrescente já começou. O Banco de Portugal tem até dia 20 para avaliar a idoneidade de João Ermida para chairman da Caixa Económica Montepio. Contactado pelo SOL, o regulador disse apenas que «não faz comentários sobre instituições individuais», mas termina nessa altura o prazo que foi dado pela entidade liderada por Carlos Costa para manter Carlos Tavares como chairman e CEO da instituição financeira. Ao que o SOL apurou, esse prazo poderá novamente ser adiado no caso de ainda não haver luz verde nessa data.

A medida temporária surgiu depois de o Banco de Portugal ter recusado o nome de Nuno Mota Pinto para o lugar de CEO, mantendo-o, no entanto, na lista de órgãos sociais, onde desempenha a função de administrador executivo. O supervisor justificou com a falta de experiência na administração de bancos de retalho. Nuno Mota Pinto foi administrador do Banco Mundial.

O prazo para o fim da duplicações de funções terminava em setembro, mas Carlos Tavares pediu ao regulador para prorrogar o prazo por quatro meses. Um pedido aceite pela entidade liderada por Carlos Costa e que estabeleceu o novo prazo de 20 de janeiro. Durante este período, o nome de Álvaro Nascimento chegou a estar em cima da mesa. Mas o SOL sabe que não foi possível chegar a consenso na Associação Mutualista.

 

Nome de consenso

Apesar de algumas dúvidas em torno de João Ermida, tanto o presidente do banco como o presidente da Associação Mutualista já vieram garantir que o nome reúne consenso das duas entidades. Falta saber se o regulador também concorda, mas o SOL sabe que poderá haver alguma resistência por parte do BdP.

Ermida era um dos rostos da Sartorial, grupo financeiro dedicado à gestão de ativos e ao aconselhamento global de investimentos. Em 2011 chegou a acordo com António Godinho – um dos principais opositores de Tomás Correia – administrador da One Biz, para a aquisição da Exchange (marca de franchise de lojas de intermediação financeira de créditos), a Accive (corretora de seguros) e a NBB (empresa de consultoria de compra e venda de PME). Com este negócio – avaliado, na altura, em 2,8 milhões de euros – Godinho entra na administração executiva da Sartorial. O grupo perdeu cerca de quatro milhões em termos de capitais próprios em menos de quatro anos.

Face a estes resultados, a Sartorial deixou de reportar contas ao Banco de Portugal desde o terceiro trimestre de 2013. Isto porque o capital mínimo requerido pelo regulador para uma sociedade de corretagem ter licença para operar no mercado nacional é de 3,5 milhões de euros. As campainhas voltaram a soar a 7 de setembro de 2015, quando o Banco de Portugal retirou a autorização para o exercício da atividade à Sartorial.

Ao que o SOL apurou, esta escolha terá partido de Carlos Tavares. Os dois conheceram-se no Santander Totta, quando Ermida era chefe de tesouraria, cargo que ocupou até 2003, e Tavares era administrador da instituição financeira. No entanto, Tomás Correia chegou a admitir que este foi um dos nomes discutidos entre os dois responsáveis e foi entretanto aprovado em reunião de assembleia-geral a 27 de dezembro, onde estiveram presentes três administradores.

O SOL sabe que Ribeiro Mendes e Miguel Coelho, que na altura ainda pertenciam à administração, não estiverem presentes nesta reunião. O primeiro terá pedido escusa por motivos pessoais e o segundo por estar ausente da entidade.