Rui Rio. “Mais importante é a estabilidade para podermos trabalhar”

Líder do PSD encerrou o congresso regional da Madeira no rescaldo do conselho nacional do partido e acusou governo de enganar os eleitores

No primeiro discurso público, depois do conselho nacional onde o presidente do PSD viu reforçada a sua legitimidade, Rui Rio entrou ontem ao ataque contra o governo do PS, acusando-o de “enganar permanentemente os portugueses”, dizendo apenas “meias verdades”.

No discurso de encerramento do congresso regional da Madeira, que reconfirmou Miguel Albuquerque como líder do PSD regional, Rio não esqueceu a semana mais conturbada do partido, que lhe deu espaço para se manter até às eleições. “É fundamental que tenhamos unidade, mas mais importante é a estabilidade para podermos trabalhar”, afirmou, destacando o papel dos conselheiros madeirenses no conselho nacional que aprovou a sua moção de confiança.

Depois dos agradecimentos, o presidente do PSD disse estar “seguro”de que há condições para “ganhar esta tarefa e prestar um melhor serviço a Portugal do que aquele que o Partido Socialista está neste momento a prestar”. A tarefa é a vitória nas legislativas de 6 de outubro, mas Rio não o disse com todas as letras. Contudo, preferiu dar o guião do discurso para os próximos meses, com vários exemplos, onde o governo “vende ilusões”, não mente, mas engana. “Já diz o povo que  há meias verdades que são piores que mentiras”, atirou Rio. E deu o exemplo dos combustíveis. “Ele mentem quando dizem que baixam o imposto? Não. Só não dizem é que aumentam a taxa [de carbono]”, explicou o presidente do PSD, que contou com a presença de Alberto João Jardim nas primeiras filas do congresso, no Funchal, a figura que governou a Madeira perto de 40 anos.

Tal como já tinha defendido no discurso de jantar de Natal com o grupo parlamentar do PSD, Rui Rio voltou a acusar o executivo socialista de vender ilusões, com uma consequência óbvia: “Quem vende ilusões, mais dia, menos dia, colhe descontentamento sob a forma de greve ou de outra forma qualquer”.

Depois explicou que o governo não tem estratégia de crescimento económico, porque se  “preocupou fundamentalmente em pegar em todas as folgas que a conjuntura permitia e distribuir pela lista de reivindicações feitas pelo Partido Comunista, feitas pelo Bloco de Esquerda e pelo seu aparelho [o do PS]”.

As eleições regionais da Madeira realizam-se a 22 de setembro e o PSD/Madeira tenta manter os 24 mandatos de deputados. O cenário é difícil para o PSD/Madeira, que pode perder espaço e a maioria para o PS. Talvez, por isso, Rio sublinhou que é preciso fazer uma reflexão com os madeirenses para defender o trabalho do PSD/Madeira.  No caso do continente é preciso explicar também que  “que é bom trocar aquilo que temos por algo muito mais estável”.

O primeiro militante da lista do conselho regional da Madeira, Guilherme Silva, ouviu Rio e considerou que foi  “talvez o discurso mais acutilante. Foi uma verdadeira malha no Dr. António Costa que poderá marcar o início de campanha forte”.

 

Albuquerque chama Belém. O presidente do Governo Regional da Madeira e recandidato, Miguel Albuquerque, encerrou o congresso que o entronizou para mais um mandato, pediu a intervenção do presidente da República contra o que apelidou de “cenas grotescas” de ministros do governo da República a fazerem campanha na Madeira. “É tempo do senhor presidente da República tomar uma posição sobre esta pouca vergonha”. Mais,  “ votámos num presidente não para tirar selfies, mas para salvaguardar as instituições”, apelou Albuquerque, garantindo que está pronto para o combate eleitoral. Jardim ouviu o discurso de Rio, mas saiu antes de Albuquerque acabar o discurso para apanhar um avião rumo a Lisboa.