Mamadou Ba: “Não tenho medo”

«Eu não tenho medo de fazer o que estou a fazer. Tenho a certeza de que estou do lado certo da democracia da decência», afirmou, ontem, ao SOL, Mamadou Ba, dirigente do SOS Racismo, durante a manifestação contra a discriminação e violência policial frente à Câmara Municipal do Seixal. 

Em causa está a abordagem de que foi alvo, na manhã desta sexta-feira, por parte de dois elementos do PNR, entre os quais João Patrocínio, candidato do partido de extrema-direita às Eleições Europeias. Ba diz que vai fazer queixa às ‘autoridades competentes’. 

Sandra Cunha, deputada do BE, afirmou por seu lado que o partido «condena qualquer tipo de atitude e comportamento discriminatório, abusivo e violento seja contra quem for».

Na manifestação contra a discriminação racial e a violência policial, que juntou cerca de 150 pessoas, foram vários os testemunhos de vítimas de agressões por parte das autoridades. Lima Silva, de 36 anos, recordou ao SOL o dia em que foi parar ao hospital depois de ter sido agredido pela polícia: «Só porque perguntei o porquê de me estarem a revistar. A resposta que me deram foi: porque nós mandamos, porque somos a polícia».

Para Miguel Santos, de 25 anos, a questão não é só racial, mas também financeira. Advogado de profissão, Miguel Santos acredita que «a polícia age de forma diferente para com indivíduos não brancos trabalhadores e para com indivíduos não brancos de classes mais elevadas», disse ao SOL. «Casos isolados que acontecem demasiadas vezes não podem ser considerados isolados», reforçou.