Direção de Rio testa aparelho e Montenegro sai de cena

Secretário-geral do PSD tem articulado contactos com as distritais mais críticas para preparar convenção nacional, enquanto Montenegro abandonou os seus espaços de comentário.

Direção de Rio testa aparelho e Montenegro sai de cena

Uma semana depois do processo mais conturbado dos últimos anos do PSD, que levou o antigo líder parlamentar do partido, Luís Montenegro, a desafiar o líder social-democrata ir a jogo para eleições diretas, o caso parece estar encerrado e a ideia, mesmo entre os críticos de Rui Rio, é a da «normalização do partido».

Luís Montenegro saiu de cena, cancelou as suas participações de comentário político na TSF e na TVI e falou aos seus mais próximos para justificar a decisão. A ordem é dar espaço ao presidente do PSD, evitar qualquer ruído, e resguardar-se. O objetivo, apurou o SOL, é fazer a avaliação dos resultados no dia 7 de outubro deste ano. Dito de outra forma: esperar pelas Legislativas, para avaliar a estratégia de Rio e apresentar-se como reserva, depois de ter desafiado o presidente social-democrata para diretas em pleno ano eleitoral. 

Do lado de Rui Rio,  após o conselho nacional do passado dia 17 de janeiro, o secretário-geral, José Silvano iniciou contactos com as distritais que se colocaram ao lado da estratégia de Montenegro. O objetivo é dar um sinal de maior articulação. « Não estava muito habituado», desabafou ao SOL um dos críticos ouvidos sob anonimato. 

Os contactos serviram para definir a estratégia e a mobilização para a convenção nacional do Conselho de Estratégia Nacional (CEN) que poderá ser, na prática, o primeiro esboço de ideias para usar no programa eleitoral do partido às Legislativas de 6 de outubro. Os sociais-democratas estimam a presença de 1500 pessoas em Santa Maria da Feira,  no dia 16 de fevereiro, a escassos quilómetros de Vila Nova de Gaia, onde o PS tem aprazada já uma convenção nacional para as Europeias no mesmo dia.

Em paralelo, decorrem reuniões com distritais do PSD para avaliar o plano nacional de investimentos apresentado pelo Governo. Os encontros estão a ser promovidos pelo vice-presidente social-democrata, Castro Almeida.

Ouvidos pelo SOL, dois presidentes de distritais que defendiam eleições diretas, consideraram que existe, de facto, um sinal de normalização.  O líder da distrital de Setúbal, Bruno Vitorino, assegurou que «tem havido esse cuidado de falar com as estruturas e tentar articular melhor as coisas. É bom para todos». Um dos rostos mais críticos e que se colocou lado de Montenegro há duas semanas foi o líder da distrital do PSD/Lisboa. Pedro Pinto assegura ao SOL que « até ao momento, as relações têm sido ótimas com o secretário-geral [José Silvano]».

Paulo Rangel e as Europeias   

O primeiro teste eleitoral de Rio será a 26 de maio e, segundo apurou o SOL, o presidente do PSD não tinha contactado até ontem de manhã os eurodeputados do partido para clarificar se ficam ou saem das listas. Apesar de a convicção no PSD ser a de que Paulo Rangel voltará a ser o cabeça de lista às Europeias, o telefone ainda não tocou. Mas a pressão começa a aumentar, sendo certo que a ordem na direção do partido é para não misturar a convenção nacional do CEN com as Europeias para não esvaziar o debate.

Nos Açores, por exemplo, aumenta a pressão para que Mota Amaral, o antigo presidente da Assembleia da República, seja incluído nas listas, no lugar normalmente destinado à Região Autónoma. Na Madeira, o caso muda de figura, porque ainda não está decidido se o escolhido será Cunha e Silva, o presidente da mesa do congresso do PSD/Madeira, próximo de Rio, ou se a Madeira indica Cláudia Monteiro de Aguiar. Há quem garanta que a atual eurodeputada está fora das listas, mas fontes sociais-democratas ouvidas pelo SOL  reconhecem que existe alguma divisão.

Nomes como a vice-presidente do PSD Isabel Meireles ou Graça Carvalho têm sido apontados como quase certos nas listas para as Europeias, tal como o atual eurodeputado José Manuel Fernandes. Contudo, há quem admita que o líder do partido possa optar por nem escolher ninguém da sua comissão política.

Esta semana, o vice-presidente do PSD David Justino, que substituiu Montenegro no espaço de comentário ‘Almoços Grátis’ da TSF,  assegurou que «não vai haver vassourada» nas listas, mas que as  «oportunidades não são muito grandes» para as Europeias.  O recado está dado.