Bancos. Lucros de 132,1 milhões de euros com meios de pagamento

Pela primeira vez desde que há registo pelo regulador, a banca registou proveitos acima dos custos. Comissões cobradas ditam a nova tendência. Cada cliente custou ao banco 98 euros, menos 11 euros do que em 2013

Os bancos lucraram 132,1 milhões de euros em 2017 só com a disponibilização de meios de pagamento como cartões de débito, pré-pagos e de crédito. Esta subida deve-se, em grande parte, às comissões cobradas pelas instituições financeiras. 

“Na perspetiva privada do sistema bancário, os custos com a disponibilização dos instrumentos de pagamento de retalho em 2017 totalizaram 793,3 milhões de euros (0,44% do Produto Interno Bruto (PIB)) e os proveitos 925,4 milhões de euros (0,5% do mesmo indicador)”, revela o estudo  “Custos Sociais dos Instrumentos de Pagamento de Retalho em Portugal” realizado pelo Banco de Portugal (BdP). O regulador diz ainda que, “pela primeira vez desde a realização deste estudo, que a subsidiação cruzada entre instrumentos de pagamento foi suficiente para gerar uma situação global positiva, de 132,1 milhões de euros, que corresponde a uma taxa de cobertura de 116,7%”. 

A entidade liderada por Carlos Costa diz também que para esta evolução foi determinante a inclusão das comissões cobradas através dos pacotes de gestão e manutenção de contas, totalizadas em 265,5 milhões de euros. O estudo diz ainda que foram os cartões de débito, pré-pagos e de crédito e as transferências a crédito que mais contribuíram para esta situação com os respetivos proveitos a superarem os custos em 230%, 110%, 170% e 114%, respetivamente.

Já para o numerário, cheques e débitos diretos, verificou-se o inverso, com taxas de cobertura de 29%, 83% e 62%, respetivamente. “O sistema bancário tem vindo a melhorar a sua eficiência com a disponibilização dos instrumentos de pagamento de retalho, registando, entre 2013 e 2017, uma redução de 10% no valor dos custos totais e no custo por cliente bancário, que diminuiu para 98 euros (menos 11 euros do que em 2013)”, diz o documento. 

O numerário continua a ser “o instrumento com maiores custos para os bancos, consumindo 32% do custo total (255,2 milhões de euros)”, seguindo-se os cartões de pagamento, que representaram 43% (334,7 milhões de euros), e os cheques, com um peso de 13% (105,3 milhões de euros).

Custos para comerciantes

Em contrapartida, os comerciantes registaram encargos de 1206,4 milhões de euros com meios de pagamento em 2017, dos quais 58% ligados à aceitação de numerário e 36,8% a cartões de pagamento. 

De acordo com o BdP, “um dos elementos de custo mais relevante” para os comerciantes na aceitação dos diferentes instrumentos de pagamento são as comissões pagas ao sistema bancário e às empresas de transporte de valores, que representaram 25,3% do custo total que assumiram.

A este nível destacam-se os custos relacionados com os cartões de pagamento, dadas as comissões associadas aos cartões de crédito (82,2%) e de débito (52,7%).

“Apesar de o numerário ser o instrumento que implica maiores custos para os comerciantes, é o que apresenta um custo unitário mais reduzido (21 cêntimos por pagamento), dada a sua utilização num elevado número de transações”,  acrescenta o estudo. BdP.