Brumadinho pode vir a ter surto de doenças infecciosas devido a rutura de barragem

Em causa estão doenças como febre amarela, dengue, esquistossomose e leptospirose — além do agravamento de doenças respiratórias, problemas de hipertensão e transtornos mentais como depressão e ansiedade

Um estudo, levado a cabo pelos investigadores da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), divulgado esta terça, alerta para os riscos de surtos de doenças infecciosas na região de Brumadinho, devido à rutura da barragem no passado mês de janeiro.

De acordo com os investigadores, os danos ambientais causados pela rutura da barragem produziram milhões de toneladas de lama tóxica que fluiu ao longo do rio Paraopeba, além disso quando a lama começar a secar transforma-se em poeira e a população começa a ter contacto com a mesma.

Em causa estão doenças como febre amarela, dengue, esquistossomose e leptospirose — além do agravamento de doenças respiratórias, problemas de hipertensão e transtornos mentais como depressão e ansiedade. 

Segundo os autores, citados pelo site G1, as consequências da rutura podem estender-se “por centenas de quilómetros do local de origem".

“A gente ainda não sabe os níveis de contaminação nem toda a composição da lama — mas essa contaminação certamente vai comprometer o abastecimento. Ao comprometer o abastecimento, ele tem um impacto também no armazenamento de água, e em doenças como a dengue. Além disso, o uso dessa água ou a coleta de peixes dessa água pode significar a ingestão de água ou alimentos contaminados", referiu o pesquisador Carlos Freitas.

“Baseado na experiência do desastre da Samarco em Mariana e outros desastres que nós temos investigado, a gente sabe que provavelmente vai ter um agravamento das doenças crónicas — como hipertensão e diabetes — até por conta do impacto na saúde mental. Você tem uma desorganização dos meios e condições de vida de forma geral", acrescentou.

Os investigadores falam ainda do isolamento e da “perda de condições de acesso a serviços de saúde” como fatores que podem agravar as doenças já existente entre a população.

De acordo com o último balanço, o acidente que aconteceu no passado dia 25 fez pelo menos 134 vítimas mortais. Cerca de 199 pessoas continuam desaparecidas.