Convocadas manifestações contra julgamento de líderes independentistas

Consideram os acusados como prisioneiros políticos e garantem que “votar não é um delito”. A tensão pode derrubar o governo socialista, que depende do apoio parlamentar de vários dos partidos que convocam os protestos

As organizações soberanistas e independentistas catalãs convocaram hoje manifestações em Barcelona para dia 12 e 16 de fevereiro, tal como em Madrid para dia 16 de março. As organizações catalãs protestam contra o polémico julgamento dos líderes independentistas, que começará dia 12 de fevereiro. Sob o mote "a autodeterminação não é um delito", as organizações presentes consideram os acusados prisioneiros políticos, e reforçam que "organizar um referendo não é um delito, votar não um é delito, decidir não é um delito". Garantem ainda que "ainda que poucas pessoas estejam a ser julgadas, o efeito destes julgamentos recairá sobre toda a sociedade". Pediram ainda apoio para a greve geral do próximo dia 21, convocada pela Intersindical CSC.

O anúncio uniu todo o espectro político independentista catalão, da direita à esquerda, dos europeistas aos anarquistas. Incluindo o ERC e o PDeCAT, dois dos partidos que sustentam no parlamento o governo socialista de Pedro Sánchez. O anúncio aprofunda ainda mais a crise política espanhola, com a votação do Orçamento de Estado cada vez mais próxima e os aliados independentistas de Sánchez a retirarem-lhe o apoio de que depende.

O confronto espelha as divisões e tensões no seio de Espanha, com o PSOE a ter dificuldade em responder aos anseios dos independentistas, sob pena de perder apoio da sua base eleitoral maioritariamente defensora da unidade de Espanha. Sánchez já fez saber que, caso o Orçamento seja chumbado, serão convocadas eleições antecipadas. Fala-se em juntar as eleições legislativas às europeias, municipais e autonómicas, agendadas para 26 de maio. Um cenário que parece cada vez mais provável.