Álvaro Santos Pereira. “O setor de energia tinha poderosos lóbis”

“Os lóbis nunca tiveram a minha simpatia”, referiu o ex-ministro da Economia de Passos Coelho.

Para o ex-ministro da Economia de Passos Coelho, “o setor de energia sempre teve poderosos lóbis”. A garantia foi dada  por Álvaro Santos Pereira, na audição dos CMEC. “Os lóbis nunca tiveram a minha simpatia”, referiu aos deputados. 

O antigo ministro disse também que "houve rendas excessivas na eletricidade", realçando que antes de ter chegado ao Governo "ninguém tinha cortado um só cêntimo" aos produtores elétricos e que "quem afirma que não existem rendas excessivas certamente não presta atenção à conta da luz", quantificando essas rendas em "quase 4.000 milhões de euros entre 2007 e 2020".

"É claro que os produtores foram beneficiados. É bem claro que antes de nós ninguém tinha tido coragem de enfrentar os 'lobbies' da energia. Ninguém tinha cortado um só cêntimo. Graças à nossa ação, e do meu sucessor, cortaram-se mais de 3.500 milhões de euros nas rendas da energia", disse aos deputados.

Gaspar travou contribuição

Santos Pereira afirmou ainda que Vítor Gaspar travou a criação de uma contribuição sobre o setor elétrico para não prejudicar a privatização da EDP que estava a ser preparada.

"Infelizmente o ministro das Finanças não concordou [com a contribuição] para não pôr em causa a privatização e os cortes deviam ser feitos de outra maneira, desde que não afetassem o processo de privatização da empresa [EDP]. Dada a situação de iminência da bancarrota, a contribuição ficava pelo caminho", afirmou o antigo governante, que está a ser ouvido na comissão parlamentar de inquérito ao pagamento de rendas excessivas aos produtores de eletricidade.

O ex-ministro explicou aos deputados que entendia que a criação de uma contribuição sobre os produtores de eletricidade "seria um sinal de credibilidade para os parceiros internacionais", numa altura em que "quase todos os dias" surgiam "questões de iminente bancarrota do país".