Tribunal de Contas arrasa venda das seguradoras da CGD

Negócio realizado em 2014 não foi eficiente nem vantajoso para o interesse público.

O Tribunal de Contas (TdC) encontrou “deficiências” no processo de venda das seguradoras do grupo Caixa Geral de Depósitos – Fidelidade, Multicare e Cares – em 2014, concordada com a troika e considerou mesmo que, essas deficiências “constituem reservas importantes e suscitam crítica”. 

Segundo o TdC, essas operações foram “eficazes no curto prazo” – desde logo porque permitir reforçar os rácios de capital da CG –, mas não foram vantajosas para o interesse público a médio prazo. 

E a entidade justifica esta opinião pelos resultados que as seguradoras viriam a apresentar, com lucros de 752 milhões de euros entre 2015 e 2017, e pela “valorização importante dos seus ativos imobiliários”, além de que a mesma venda não impediu que fosse necessário recapitalizar a CGD em 2017 em mais de quatro mil milhões de euros.

O Tribunal de Contas foi mais longe e diz mesmo que a venda das seguradoras “não foi eficiente” uma vez que foi feita num momento que não permitiu a “maximização do seu resultado” e não foi suportada “por uma avaliação de custo e benefício, em consequência de decisão do Estado (o acionista do Grupo Caixa) motivada por compromissos internacionais”.

Recorde-se que, em 2014 durante o governo de Passos Coelho, a Caixa vendeu 80% do capital social da Caixa Seguros — que integrava Fidelidade, Multicare e Cares – ao grupo chinês Fosun por mil milhões de euros. Em Portugal, a Fosun detém a Luz Saúde, é o maior acionista do banco Millennium BCP e tem ainda uma participação de 5% na REN – Redes Energéticas Nacionais.