CGD. “Não cabe ao Estado intrometer-se na concessão de créditos”

Paulo Macedo garante que hoje “é impossível” repetir o que aconteceu na Caixa entre 2000 a 2015 e diz mesmo que “houve uma evolução” . 

Para Paulo Macedo não cabe ao Estado “intrometer-se na concessão de crédito”, mas defende que é necessário que o acionista defina a sua função dentro da instituição financeira. “Não cabe ao Estado intrometer-se na concessão de crédito, política de prémios e dar indicação para a compra e venda de ativos”, disse o presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) na comissão de Orçamento e Finanças. Macedo disse ainda esperar “que hoje em dia haja um consenso” sobre o tema, “à luz do que aconteceu e à luz da evolução das práticas” do banco. 

Em causa está a auditoria da EY à gestão da instituição financeira entre 2000 e 2015, onde avaliou sete operações de crédito com risco grave ou elevado e, só nestas, estimou perdas de mais de mil milhões de euros. 

Mas agora, Paulo Macedo acredita que “houve uma evolução” que “torna impossível que se passe o que se passava nesta época anterior”, acrescentando que, “no passado, os administradores não tinham avaliações formais. Agora têm avaliações formais e individuais. E dá como exemplo, o maior controlo que existe nas atas das reuniões do conselho que, de acordo com o responsável, “têm mais de 20 páginas”.

Em relação aos créditos mais problemáticos, o presidente executivo revelou que decidiu ficar com os créditos mais problemáticos, em vez de os vender, para os tentar recuperar. “A Caixa está determinada a não desistir e a recuperar dinheiro e valores que haja mesmo em situações muito difíceis”, disse aos deputados.

Macedo adiantou, no entanto, que há créditos que têm colaterais envolvidos, ou avalistas, que podem ser executados. Noutros casos, disse, será mais difícil, já que “quer sócios quer as empresas estão totalmente insolventes, ou melhor, declaram-se”.

O responsável chamou também a atenção para as comissões que atualmente são cobradas – só no ano passado encaixou 474,2 milhões de euros com serviços e comissões – garantindo que é a instituição financeira que cobra menos no mercado nacional. “ O que vemos entre CGD, Santander, BPI, foi a Caixa que teve um menor aumento das comissões. “A CGD tem hoje comissões abaixo de 2015”.