PR sem cheque em branco

Líder da Aliança diz que PR ‘surgiu, talvez demais, em salvação do Governo’. E espera para ver… até ao fim do mandato.

O novo presidente da Aliança não dá um cheque em branco ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. As eleições presidenciais ainda vêm longe, realizam-se em 2021, mas Santana Lopes só se compromete em ser «exigente» com o chefe de Estado na sua moção «um país às direitas».  Ou seja, nada está decidido sobre um eventual apoio a um segundo mandato, caso Marcelo confirme a ida a jogo por mais cinco anos no Palácio de Belém.

«O exercício de tais funções deve mobilizar o país para as grandes causas da Comunidade Nacional. Assim se espera que aconteça na segunda metade do mandato presidencial», pede o presidente da comissão instaladora do partido Aliança. 

Santana Lopes diz que o« atual Presidente também ainda não tomou uma decisão», conforme escreveu ontem numa nota oficial. Mas o texto da moção dá pistas sobre a apreciação do  mandato. «O ano que passou foi complexo no que respeita a uma apreciação da atuação do Pr. [Presidente da República]».

Para Santana Lopes, o «chefe de Estado conquistou popularidade, fez bem à autoestima dos portugueses, foi próximo, generoso e afetuoso. Surgiu, talvez demais, em salvação do Governo. Mas também soube ser exigente com o Executivo, normalmente nos casos mais graves». Contudo, o presidente da Aliança deixa  avisos ao Presidente da República. Na moção, Santana considera que Marcelo Rebelo de Sousa se deve empenhar mais « na prossecução dos grandes desígnios nacionais, como sejam o crescimento económico, a coesão territorial e as mudanças na Justiça», na segunda parte do seu mandato.

Esta semana, por exemplo, o partido de Santana Lopes emitiu um comunicado na sequência de um encontro  com elementos do Sindicato Nacional da Polícia (SINAPOL). O encontro ocorreu depois das polémicas entre Marcelo e dirigentes sindicais da PSP, por causa da visita ao Bairro da Jamaica. O chefe de Estado irritou alguns elementos das forças de segurança depois de ter tiradoselfies com um dos presumíveis agressores à PSP nos polémicos incidentes entre moradores do bairros e polícias.

Santana Lopes não fez qualquer menção ao caso, nem às polémicas, mas  quis demonstrar à Polícia a sua solidariedade perante  «um estado permanente de censura à conduta das autoridades». O encontro ocorreu  também mais de uma semana depois da visita  do presidente da Aliança ao Bairro da Jamaica, e dias depois de Marcelo Rebelo de Sousa lá ter ido, sem aviso prévio.  A Aliança preferiu destacar «a falta de efetivos, a falta de condições nas esquadras e viaturas, a necessidade de atribuição de subsídio de risco».