Centeno justifica desaceleração com Brexit e tensões comerciais

Mas Mário Centeno lembra que “a Europa sabe que pode e deve continuar a fazer melhor”.

Os “riscos políticos acumulados na Europa” devido ao ‘Brexit’ e as tensões comerciais são apontadas pelo presidente do Eurogrupo como as principais causas para a desaceleração do crescimento da economia prevista pela Comissão Europeia. Em causa está a revisão em baixa do ritmo do crescimento na zona euro (estima agora que se fique pelos 1,3% em 2019) e também do crescimento do produto interno bruto (PIB) português para este ano, antecipando um crescimento de 1,7%, abaixo da estimativa de 2,2% do governo.

Bruxelas deixou ainda o aviso para alguns riscos que podem penalizar a economia portuguesa, “a prevista deterioração na procura externa e o aumento da incerteza global”, apontando para um abrandamento nas exportações de bens e serviços. Os últimos dados do INE, apontam para um aumento das exportações em 5,3% em 2018, enquanto as importações aumentaram a um ritmo superior (mais 8%), engordando o défice comercial em 2,7 mil milhões de euros.

A inflação também esteve na mira da Comissão Europeia que antecipou um aumento para 1,3% este ano, abaixo do que havia previsto. Para 2020, a inflação deverá subir para os 1,6%. 

“Todos sabemos que representam uma desaceleração do crescimento [económico] na Europa e que essa desaceleração está muito associada aos riscos políticos acumulados na Europa, em particular os que estão relacionados com o ‘Brexit’ e às tensões comerciais”, disse Mário Centeno.

No entanto, o governante chama a atenção para o facto de atualmente as estruturas na área do euro estarem mais fortes do que eram antes da crise”. A Europa sabe que pode e deve continuar a fazer melhor”. E lembrou: “Fizemos inúmeras reformas e sabemos que podemos melhorar bastante e devemos fazê-lo”.

Já na quinta-feira, no dia em que foram divulgadas as previsões da Comissão Europeia, Centeno tinha pedido para não se “retratar” a desaceleração económica como “crise”, solicitando medidas dos governos europeus contra “os riscos”.