Libération denuncia bullying online e acaba por suspender dois dos seus jornalistas

Cerca de 30 jornalistas e publicitários fizeram bullying online, durante anos, contra várias pessoas nas redes sociais. Já foram suspensos dois jornalistas de uma das maiores redações de Paris, o jornal Libération.

O site Libération CheckNews, do jornal francês Libération investigou um grupo privado que existia no Facebook chamado 'Liga do LOL'.

Vários jornalistas e publicitários deram este nome a um grupo do Facebook para, durante anos, gozarem, insultarem e ofenderem um número (ainda) não determinado de pessoas que foram alvo de ciberbullying. 
 
O jornal publicou esta história e, além de ter tornado pública a página do Facebook, o Libération informou ainda que dois jornalistas da casa foram agora suspensos até terminar uma investigação interna, um vez que faziam parte deste grupo privado.

A ‘Liga do LOL’ (‘Ligue du LOL’) foi criada em 2009 pelo jornalista do Libération, Vincent Glad, e tratava-se de um grupo fechado no Facebook constituído por cerca de 30 pessoas – maioritariamente homens – de redações parisienses, do mundo da publicidade e da comunicação.

“É difícil, por agora, contar as vítimas da 'Liga do LOL'. Durante três dias, os testemunhos multiplicaram-se. Mas é possível traçar um primeiro retrato dos alvos privilegiados dessas campanhas de cyberstalking: mulheres, feministas, jornalistas, bloguers, youtubers em início de carreira, membros da comunidade LGBT ou homens que não têm determinados critérios de masculinidade”, escreveu o Libération.

Vincent Glad e Alexandre Hervaud foram os jornalistas suspensos do jornal francês e que já vieram a público pedir desculpa. “O objetivo do grupo não era incomodar mulheres, mas apenas divertirmo-nos. Mas, rapidamente, essa maneira de nos divertirmos tornou-se problemática e não percebemos isso. Pensávamos que todos os que estão na internet, através de um blogue, uma conta no Twitter ou outra coisa, mereciam ser ridicularizados”, escreveu Glad.

Também várias vítimas deste grupo vieram a público contar o que lhes tinha acontecido: “Aqueles tipos julgavam que estavam a fazer piadas, mas estavam a arruinar as nossas vidas”, pode ler-se no Twitter uma testemunha que preferiu manter o anonimato, citada pelo Guardian.

Agora, está a ser levada a cabo uma investigação interna e, de acordo com o jornal francês, continuam a chegar, todos os dias, mensagens de vítimas deste grupo criado no Facebook.