Mulheres portuguesas vivem cansadas, com mais trabalho que os homens e com maus ordenados

Vão ser precisas cinco gerações para haver igualdade entre homens e mulheres nas tarefas domésticas

Um estudo revelado esta terça-feira mostra que a maioria das mulheres está sempre ou quase sempre cansada. Além disso, a investigação diz que, em Portugal, vão ser precisas pelo menos cinco gerações para os homens partilharem as tarefas domésticas em igualdade com as companheiras.

"O trabalho não pago feito em casa continua a ser um assunto de mulheres" e "dificilmente essa realidade se alterará num futuro próximo, a menos que sejam tomadas medidas drásticas", lê-se no estudo 'As mulheres em Portugal, hoje'. A investigação, encomendada pela Fundação Francisco Manuel dos Santos à consultora PRM e citada pela agência Lusa, baseou-se numa amostra de 2.428 mulheres com idades entre os 18 e os 64 anos e residentes em Portugal.

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"Se as contribuições dos homens em relação à execução das tarefas domésticas continuarem a evoluir ao ritmo da última geração, serão necessárias entre cinco a seis gerações para que se alcance uma distribuição paritária das tarefas domésticas entre mulheres e homens, nos casais em que ambos têm trabalho pago", refere o estudo.

A investigação diz que as mulheres que têm filhos menores são as que têm mais dificuldades: no seu caso, o tempo de trabalho não pago (com tarefas domésticas e com os filhos) é, em média, de 6h12, enquanto o trabalho pago é de 7h18. O estudo diz que mais de metade do tempo que passam acordadas em casa é a trabalhar.

Além disso, é indiferente se vivem ou não com os parceiros, já que, no caso das mulheres que trabalham fora de casa e têm filhos menores, o tempo gasto em tarefas domésticas nas duas situações é exatamente o mesmo.

Os autores do estudo dizem que o contributo do pai nas tarefas que dizem respeito aos filhos não sofreu "nenhuma evolução em relação à geração anterior”: Na verdade, as mães têm o triplo do trabalho com as crianças do que os progenitores.

Este desiquilíbrio faz com que a maioria das mulheres diga estar quase sempre ou sempre “cansada” e dez por cento se sintam "esgotadas".

Quanto ao trabalho remunerado, 51% estão infelizes com o trabalho que têm e para 44% o trabalho está abaixo das expetativas. Dois terços ganham menos de 900 euros líquidos por mês e 26% trabalham mais de 40 horas.

Os autores do estudo dizem que, se nada mudar, a situação das mulheres em Portugal terá "um impacto significativo na natalidade, no absentismo laboral, nos sistemas de proteção social, na educação das crianças e jovens e nos índices de divórcio".