Grupo de 25 militantes do Bloco abandona o partido

Dois irmãos de Louçã entre os militantes que batem com a porta e tecem duras criticas ao partido

Um grupo de 25 bloquistas pediram hoje a desvinculação do partido e enviaram uma carta à Mesa Nacional, tecendo duras críticas ao rumo político do Bloco de Esquerda nos últimos anos e salientando o “desconforto” por ter sido um assessor, e não um dirigente, a criticar os eventos no bairro da Jamaica.

Entre o grupo de fundadores do partido que se desfiliou estão dois irmãos de Francisco Louçã: Isabel Maria Louçã e João Carlos Louçã.

“Resolvemos deixar o Bloco porque não podemos ignorar o caminho de institucionalização dos últimos anos que transformaram o partido, de instrumento de luta política, num fim em si mesmo”, começam por referir na carta os 25 bloquistas que batem com a porta dizendo que vão começar “de novo quando ainda está tudo por fazer”.  

Os bloquistas dissidentes apontam “ausência de pensamento crítico” nas posições tomadas pelo partido e salientam ainda um cenário de “progressiva hostilização da divergência interna e profundo sectarismo com outras forças de esquerda” que acabaram por transformar o partido “num projeto reformista centrado na sua própria sobrevivência” que desistiu de uma das suas bandeiras, a reestruturação da dívida.    

Sobre a ausência de critica dos deputados e dirigentes do partido sobre o caso no bairro da Jamaica, os bloquistas dissidentes alertam que “ocultar” o “racismo sistémico das forças de segurança e dos agentes do Estado, o Bloco coloca-se no lado errado do combate antirracista e perde espaço junto de uma geração que perdeu o medo e que trava os combates decisivos do nosso tempo”.

As criticas das mais de duas dezenas de dissidentes recaem ainda sobre a dinâmica interna do partido que dizem estar “sem espaço para a construção coletiva” existindo perseguições e expulsões de militantes e manipulação de eleições internas para “garantir a ficção de um partido coeso”, ao mesmo tempo que os críticos se abstém “em todos os processos de debate e decisão onde imperam os acordos de cúpula”.