Sofia Aparício revela episódios de assédio sexual

“Uma vez, uma pessoa que, hierarquicamente, estaria acima de mim, um diretor do projeto onde eu estava, agarrou-me pela cintura e puxou-me para ele”

Sofia Aparício esteve, na última sexta-feira, no Jornal das 8, da TVI, para dar o seu testemunho enquanto vítima de assédio sexual.

“Eu lembro-me de sentir sempre muita raiva e nojo. Nunca me cheguei a sentir humilhada, porque a verdade é que eu acabei sempre por resolver as situações naquela altura”, confessou, depois de admitir que passou por “várias” situações de assédio sexual.

“Uma vez, uma pessoa que, hierarquicamente, estaria acima de mim, um diretor do projeto onde eu estava, agarrou-me pela cintura e puxou-me para ele. E como eu não gostava dele e como nunca lhe tinha dado azo ou abertura a isso (…) Ou seja, não é porque eu estou assim vestida que eu estou a pedi-las”, contou a também modelo.

A atriz recordou ainda uma situação que viveu em criança e abordou a forma como o assunto começa a ser tratado atualmente.

“A liberdade dos outros acaba exatamente onde a minha começa. E a minha liberdade começa no meu corpo. E eu não admito que ninguém me toque sem a minha autorização. Mas isto acontecia-me mesmo em criança, no metro, em hora de ponta (…) Acho que a sociedade está a evoluir, de maneira que as pessoas têm mais respeito umas pelas outras e eu acho que a minha sobrinha já não passou por isso, felizmente. Mas eu lembro-me que deixei de andar de transportes públicos por causa disso, porque era apalpada, não sei dizer de outra maneira”, relembrou.

Questionada acerca da forma como resolvia essas situações, a atriz admite que nunca pensou em queixar-se.

“Na realidade nunca pensei queixar-me, porque eu resolvia as situações. Duas vezes dei um estalo, outra vez dei um empurrão e fechei a porta”, começou por dizer.

“Se eu não dou abertura àquela pessoa, se eu não dou confiança, eu não admito, só porque essa pessoa é meu superior hierárquico. Onde eu trabalho não há bem superiores hierárquicos: há os chefes de produção, há os diretores de projeto, mas, pronto, alguém que me poderia contratar e que várias vezes, pelo menos duas vezes, deixei de ser contratada por causa disso. Fui prejudicada profissionalmente, sim“, admitiu.

“Eu via, na altura, que aquilo que aquelas pessoas faziam comigo faziam também com outras pessoas que alinhavam. Eu não sei de histórias de pessoas que tenham alinhado obrigadas”, acrescentou.