Segurança. Alemanha afasta-se dos países que querem banir a Huawei

Tudo indicava, depois de vários o terem feito, que a lista de Estados a tomar esta posição acabaria por aumentar. No entanto, o recuo do Reino Unido veio mudar as regras do jogo

A Alemanha, assim como o Reino Unido, afastou-se da lista de países que decidiram fechar a porta à Huawei. De acordo com o Ministério do Interior alemão, além de não existir essa intenção, o país não tem legislação que lhe permita tomar esta posição ainda que fosse essa a intenção. No fundo, quando tudo parecia indicar que mais países se juntariam à tentativa de banir a Huawei, o Reino Unido recuou e a Alemanha veio dar-lhe força. 

Numa nota citada pela CNBC, fica claro que “a exclusão direta de um fabricante de 5G em particular não é de momento possível legalmente nem está planeada”. Acrescenta-se ainda que “o foco está na adaptação dos requisitos de segurança necessários para que a segurança das redes seja garantida, mesmo no caso de o produtor não ser de confiança”.

A posição da Alemanha, com que muitos não contavam, chegou depois de o centro de segurança cibernética britânico ter feito saber que há formas de garantir a segurança caso seja a Huawei a garantir a implementação de 5G. Recorde-se que este é, desde sempre, o maior fantasma. As portas têm-se fechado à Huawei. A China e os EUA envolveram–se numa guerra comercial que já fez correr muita tinta e que se agravou com a detenção da diretora financeira da empresa a pedido dos EUA. O conflito levantou várias questões relacionadas com a segurança nacional e as consequências noutros países não tardaram a surgir. O Reino Unido – que entretanto recuou -, o Japão, a Austrália e a Nova Zelândia avançaram mesmo com a decisão de afastar a Huawei das infraestruturas de telecomunicações dos respetivos países. Não tardou até que a polémica chegasse à Polónia e a promessa era de que muitos se juntariam. A hipótese de banir os equipamentos e a tecnologia desta marca na Polónia ganhou dimensão depois de dois funcionários da Huawei terem sido presos por fortes suspeitas de espionagem.

 As autoridades começaram por dizer que as detenções estavam relacionadas com comportamentos individuais, mas não demorou até que o governo polaco mudasse de posição: fechar o mercado à empresa passou a ser uma possibilidade. 

Já no caso português, pode dizer-se que não existem, ao que tudo indica, mudanças de estratégia. Portugal decidiu, desde cedo, que não se juntaria aos países que bateram com a porta à Huawei. A verdade é que, apesar de a União Europeia se assumir cada vez mais “preocupada” com esta empresa e de a ter colocado na mira por questões de segurança, Portugal aproveitou a vinda do presidente chinês, Xi Jinping, para que fosse assinado um acordo entre a Altice e a Huawei. Em questão está o desenvolvimento da tecnologia de quinta geração em Portugal, país onde, segundo dados da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), a empresa já investiu 40 milhões de euros desde 2004.