Filho de Arnaldo Matos acusa PCTP/MRPP de “sequestrar” corpo do pai

“O velório e o funeral são do partido; as cinzas são da família”, disse dirigente do partido a Pedro Matos

Um dos filhos de Arnaldo Matos está a acusar o PCTP/MRPP de ter "montado" um velório e "funeral-sequestro" ao seu pai, recusando-se a participar nas cerimónias fúnebres do político.

Pedro Gonçalves Matos, refere, numa nota enviada à agência Lusa, que o seu pai "morreu em casa alheia" e que foi "tardiamente avisado".

Quando foi ao local para resgatar o corpo, a dirigente Maria Adelaide Teixeira, "do alto dos seus quasi-80 anos, injetada de ódio e envergando pose de guarda de campo de concentração", informou-o da vontade de Arnaldo Matos de ter as cerimónias fúnebres totalmente controladas pelo partido.

"Temos pena que tenha chegado a isto, mas então é assim: o velório e o funeral são do partido; as cinzas são da família", disse a dirigente, segundo o filho de Arnaldo Matos.

"Escusado será dizer que não acredito em quem assim fala", refere a nota de Pedro Gonçalves Matos.

"Informo, pois, todos os meus amigos, genuínos amigos de meu pai e amigos de minha mãe – a quem aqui deixo um abraço e um obrigado – de que não estarei presente nos velório e funeral-sequestro montados por Carlos Paisana", dirigente do partido, lê-se na nota.

Pedro Gonçalves Matos sublinha que, "independentemente de ser – sempre! – prerrogativa última da família atender, ou não, à vontade do falecido, só cumpriria esse alegado desejo de meu pai – e, nesse caso, jamais deixaria de o cumprir! -, se tal vontade houvesse sido expressa, em algum momento da sua vida, perante algum dos seus dois filhos, irmãos ou até sobrinhos". "Coisa que, manifestamente, nunca aconteceu", acrescentou.

Já Carlos Paisana adiantou, contactado pela agência Lusa, que Arnaldo Matos tinha manifestado, "perante o Comité Central do partido, que o seu desejo – quando esta situação foi abordada -, que o seu funeral, quando morresse, seria realizado pelo partido e depois de ser cremado, outro desejo seu, as cinzas seriam entregues à sua família".

O dirigente do PCTP/MRPP frisou ainda que Pedro Gonçalves Matos estaria "de relações cortadas com o seu pai há algum tempo", frisando "não fazer sentido a sua atitude", uma vez que, a restante família "esteve ontem [sexta-feira] presente no velório".

Recorde-se que o fundador do Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses (PCTP/MRPP) Arnaldo Matos morreu sexta-feira de madrugada, aos 79 anos, vítima de doença.

O corpo de Arnaldo de Matos encontra-se na sede do PCTP/MRPP, Avenida do Brasil 200A, em Lisboa, e o funeral realiza-se domingo, pelas 13h e seguirá para o Cemitério dos Olivais, onde será cremado às 14h, segundo informação do partido.