Presidente da Empordef denuncia irregularidades nos Estaleiros de Viana

“Eu fiz o trabalho de casa e partilhei informações com quem tinha de partilhar. Viana do Castelo foi alta corrupção”

João Pedro Martins, presidente da Empordef, revelou esta quarta-feira que participou ao Ministério Público suspeitas de ilegalidades e irregularidades na gestão dos extintos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC).

Durante a comissão parlamentar de Defesa Nacional, João Pedro Martins afirmou que "alguém mandou duplicar o valor do registo contabilístico dos auxílios do Estado aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo".

"Mas eu, porque não obedeço a funcionários públicos, mas à lei e à jurisprudência do tribunal de Justiça da União Europeia e à doutrina das comunicações da União Europeia, fiz aquilo que tinha de fazer, repor na medida do possível a vantagem que os Estaleiros indevidamente obtiveram no passado", disse, citado pela agência Lusa.

O presidente da Empordef disse que pediu uma “auditoria forense” à Inspeção-Geral das Finanças, ao iniciar funções em setembro de 2017. No entanto, essa mesma auditoria ter-lhe-á sido recusada “por falta de meios”.

O presidente da Empordef fala em “registos indevidos” na contabilidade dos Estaleiros de Viana, que foram corrigidos. "Um valor de 751 milhões de euros de capital próprio negativo nos ENVC e fechei as contas em 27 de abril de 2018 com um valor de 424 milhões de euros", explicou. 

João Pedro Martins disse ainda que reportou sempre as “muitas situações” irregulares às autoridades competentes e elogiou Azeredo Lopes. "Faça o que a sua consciência manda e o dever exige", terá dito Azeredo Lopes a João Pedro Martins face a estas irregularidades.

"Eu fiz o trabalho de casa e partilhei informações com quem tinha de partilhar. Viana do Castelo foi alta corrupção", disse, recusando identificar quem ou qual o organismo que, alegadamente, mandou duplicar o valor dos auxílios nas contas dos Estaleiros de Viana do Castelo.

Além disto, o responsável disse ainda que foi verificada uma "descativação na conta de gerência de 2017" da Empordef de 35,3 milhões de euros, mas garante que não foi o próprio a pedir nem o ministro da Defesa Nacional.

No Orçamento do Estado para 2018 "quiseram meter no orçamento da Empordef 12 milhões de euros e eu disse que não, não devíamos nada a ninguém", referiu.