Theresa May acusada de “suborno” para conseguir apoio ao Brexit

Deputados da oposição apelidam de “suborno” o novo subsídio de 1,85 mil milhões de euros, focado no norte de Inglaterra, que votou maioritariamente “sim” ao Brexit. May precisa de aprovar o acordo de saída da UE já dia 12

As cidades rurais inglesas vão receber uma ajuda financeira extra de 1,85 mil milhões de euros do governo de Theresa May, que precisa rapidamente de conseguir apoio parlamentar para o seu acordo de saída da União Europeia, que será votado a 12 de março. O subsídio é focado sobretudo no norte do país, que votou maioritariamente “sim” ao Brexit. May afirma que “as comunidades de todo o país votaram pelo Brexit como uma expressão do seu desejo de mudança”, salientando que essa mudança “deve ser para melhor, com mais oportunidades”. A decisão é vista como uma maneira de colocar os deputados trabalhistas sob pressão dos seus eleitores. 

Gareth Snell, deputado trabalhista de Stoke-on-Trent, uma das regiões visadas, garantiu que “independentemente de quanto dinheiro a primeira-ministra prometa, decidirei o meu voto em função dos termos do acordo” de saída da UE proposto por May. Snell notou que os 339 milhões de euros que a sua região receberá “são um bom começo”, mas “ainda é menos que o total dos cortes orçamentais dos últimos nove anos devido à austeridade”. Além disso, “o meu voto não tem preço”.

O ministro das Comunidades, James Brokenshire, negou que o dinheiro fosse um suborno, em entrevista à BBC, reforçando que “os fundos serão alocados independentemente do resultado” da votação do Brexit. Brokenshire afirmou que “não há nenhuma condicionalidade”, sendo que o único desejo é “que as pequenas cidades cresçam e que nenhuma parte do Reino Unido seja deixada para trás”.  

O responsável da política económica do Labour, John McDonnell, diz que a medida “mostra o desespero de um governo reduzido a subornar deputados para votar na sua danosa legislação de saída da UE”. Garante que as cidades rurais estão a sofrer devido a “décadas de cortes, incluindo no poder local e à falta de investimento nas empresas e nas comunidades”. Os trabalhistas propõem estabelecer uma rede local de bancos que financiem o crescimento das pequenas cidades. McDonnell exige “investimento estável onde é mais necessário”, ao invés de “subornos para o Brexit”.