Sindicatos da PSP criticam alegado pedido de desculpas de Portugal a Angola pelo caso Jamaica

“Se calhar podia ser o Governo de Angola a pedir desculpas às polícias portuguesas”

Manuel Augusto, ministro das Relações Exteriores de Angola, assegurou esta segunda-feira que Portugal pediu desculpa pelo “Caso Jamaica”. No entanto, o Ministério dos Negócios Estrangeiros não confirma o alegado pedido de desculpas. Já os dois principais sindicatos da PSP defendem que este pedido não faz qualquer sentido.

Paulo Rodrigues, presidente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia, diz estranhar o alegado pedido de desculpas e defende que se alguém merece um pedido de desculpas, esse alguém são os agentes da PSP por parte do Governo de Angola.

"Não sei quando é que o pedido de desculpas foi feito, mas causa alguma estranheza dado que não há qualquer conclusão da investigação interna ao caso", começa por dizer Paulo Rodrigues, citado pelo Expresso.

"Ou o ministro tem já conhecimento de uma decisão e não deveria ter ou está a condenar profissionais que até estiveram a agir de acordo com a lei”, acrescentou.

"Se calhar podia ser o Governo de Angola a pedir desculpas às polícias portuguesas", defendeu.

Também Peixoto Rodrigues, presidente do Sindicato Unificado da Polícia, considera a situação “preocupante”.

"É preocupante que o Estado português esteja a pedir desculpa a outro Estado por uma atuação legítima da sua polícia, sobrepondo-se à autonomia dos tribunais. São eles que têm a competência para avaliar se houve ou não excesso do uso de força", afirmou Peixoto Rodrigues, citado pelo mesmo jornal.

Esta segunda-feira, Manuel Augusto disse que Augusto Santos Silva lhe telefonou e lhe apresentou um pedido de desculpas pelo sucedido no bairro da Jamaica, no Seixal, em janeiro.

“Teve [Augusto Santos Silva] a hombridade de me ligar, não só para apresentar desculpas, mas também para sublinhar a forma, com sentido de Estado, como as autoridades angolanas reagiram”, disse o ministro angolano, em conferência de imprensa.

No entanto, num esclarecimento enviado à agência Lusa, o gabinete do ministro dos Negócios Estrangeiros afirma nada reconhecer sobre o alegado pedido de desculpas.

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