‘Fechei contas da câmara na CGD quando encerraram os balcões’

Almeida Henriques, presidente da Câmara de Viseu, frisa que o encerramento de balcões da Caixa Geral de Depósitos é uma ‘decisão cega’. Em sinal de protesto, o autarca transferiu as contas da câmara para bancos privados.

‘Fechei contas da câmara na CGD quando encerraram os balcões’

Viseu foi um dos concelhos afetados pelo encerramento de balcões da Caixa Geral de Depósitos. Retirou as contas da câmara do banco?

Não aceitei que não tivesse havido sequer um contacto da Caixa Geral de Depósitos (CGD) para discutir com a câmara o encerramento dos balcões. Foi uma decisão cega.  Um dos encerramentos nem contrariei e vou, aliás, instalar nesse edifício serviços da autarquia. Mas o balcão de Abraveses servia 20 mil pessoas do meio periurbano e rural. Sabia que era uma agência rentável. Tentei entrar em contacto com o banco e, como não tive qualquer resposta, a câmara deixou de trabalhar com a CGD. A câmara mantém lá uma conta mas só com movimentos correntes, mas nem sequer estão a ser processados os vencimentos dos trabalhadores através da CGD.

Tentou falar diretamente com Paulo Macedo?

Tentei falar através de todos os meios, quer através do gestor de grandes clientes quer através da administração.

Nada mudou mesmo depois de ter ameaçado deixar de trabalhar com a Caixa?

Não. Provavelmente a câmara de Viseu não era suficientemente relevante para afetar as contas de uma CGD. E, por isso, a administração poderá ter encarado isto com naturalidade: menos um cliente.

Os CTT também têm tido essa política de fechar balcões…

Às vezes, o interlocutor é importante. O facto de termos um interlocutor nos CTT que tem conversado sempre com a câmara de Viseu leva a que não tenhamos, até agora, qualquer problema.

Recorre então a bancos privados?

Sim, trabalhamos com vários bancos. E no dia 21 de março, em Abraveses, até vai abrir um balcão, mas desta vez com a chancela Montepio Geral. Procurámos encontrar uma alternativa, batemos à porta de dois ou três bancos e o Montepio decidiu avançar.

E como vê a ameaça da Altice em não renovar a licença da TDT?

Espero que haja bom senso. É um serviço público que tem de existir. As populações não podem viver sem esse serviço. Em situações de falta de sinal procuramos sempre dialogar. Tive, recentemente, uma situação de rutura com a EDP porque não estava a cumprir o seu serviço público de substituição das luminárias nas freguesias e é um serviço que a câmara paga. Chegámos a ter 13 mil luminárias para substituir no concelho todo e isso foi objeto de posições de força da nossa parte.

Ficou resolvido?

Neste momento andam cinco brigadas a fazer a reposição das luminárias, porque se estas empresas prestam um serviço público têm que o honrar – e se não é a bem, é a mal.