Grupo que diz ser o IRA responsável pelas bombas em Londres e Glasgow

A polícia irlandesa responsabiliza o grupo dissidente Novo IRA. A escalada pode estar relacionada com o Brexit

Um grupo dissidente, que afirma ser o IRA (Exército Republicano Irlandês), reivindicou os quatro artefactos explosivos enviados por correio a semana passada para a universidade de Glasgow e para algumas das mais movimentadas interfaces de transportes de Londres, como o aeroporto de Heathrow, o aeroporto da Cidade de Londres e a estação de Waterloo.

As bombas acabariam por ser encontradas e neutralizadas pelas autoridades, sem causar vítimas. À semelhança do frequente modus operandi dos grupos republicanos radicais, os dispositivos não foram fabricados para serem letais. As suspeitas de envolvimento destes grupos foram aumentadas pelo facto de todas as encomendas armadilhadas terem sido enviadas de Dublin, com um selo com um coração, distribuído na cidade no dia dos namorados.

A polícia irlandesa acredita que o grupo responsável seja o o chamado Novo IRA, considerado o maior grupo de dissidente republicano – composto por militantes que recusaram o Acordo de Sexta-feira Santa, assinado em 1998, que pôs fim à guerra civil na Irlanda do Norte.

Os grupos dissidentes têm vindo a perder expressão e atividade ao longo dos últimos anos. No entanto, a possibilidade de uma fronteira física na ilha da Irlanda, no caso de uma saída não negociada do Reino Unido da União, levanta receios do regresso a atentados esporádicos de grupos marginais, ou até aos conflitos sectários entre protestantes e católicos.

Os receios do regresso à violência reacenderam-se a 28 de fevereiro com a descoberta, por parte da polícia irlandesa, de uma quantidade “significativa” de explosivos, armas de fogo e munições  – incluindo até um morteiro – perto da fronteira entre a Irlanda do Norte e a República Irlandesa. O arsenal pertenceria ao Novo Ira, também responsável pela explosão de um carro armadilhado em Londonderry, na Irlanda do Norte, em finais de janeiro. “Foi só por pura sorte que ninguém morreu ou ficou mutilado”, declarou então o inspetor-chefe Stuart Griffin.