Rui Rio desperdiça golos de baliza aberta

O BE e o PCP deverão ser castigados nas legislativas, segundo as sondagens. Rui Rio pode ser o amigo que se segue

Olhando para o que dizem as ruas fica-se perplexo com os resultados das sondagens. Médicos, enfermeiros, professores, magistrados e demais pessoal dos tribunais, polícias, militares e estivadores, para não ser muito exaustivo, têm-se manifestado contra a sua situação profissional, optando por fazer greve ou manifestarem-se nas ruas. Apesar disso tudo, António Costa mantém-se à frente das sondagens e o PSD, mesmo com a ajuda do CDS e da Aliança, não consegue ter tantas intenções de voto como os socialistas. É certo que ainda faltam uns meses para as eleições legislativas, mas o que se pode dizer, com toda a segurança… possível, é que Costa é o verdadeiro artista e que os grevistas, por muito mal que digam dele, não o abandonam. É óbvio que tem imenso talento político, ao contrário de outras personagens, mas já lá vamos.

Há uns meses, muitos previam uma descida acentuada do BE e do PCP por serem os pajens da ‘geringonça’ e por terem engolido muitos sapos vivos durante a legislatura. Certo é que de acordo com a sondagem publicada nesta edição do SOL, da Eurosondagem, o BE perde dois pontos em relação às eleições de 2015 e o PCP um ponto. Com tantas greves seria de esperar que estes dois partidos, principalmente o PCP, conseguissem roubar votos ao PS, mas acontece precisamente o contrário. O partido de António Costa sobe cinco pontos nas intenções de voto em relação ao resultado que alcançou em 2015.

Confirma-se assim que o BE e o PCP não conseguem despir a pele de amantes do poder e que os eleitores preferem então votar em António Costa, o original da relação. ‘Geringonça’ à parte, e com o cenário descrito, o que dizer de Rui Rio? Que não se deve bater em quem está no chão? Mas ele alguma vez esteve de pé à frente do PSD? Rio vai ficar na história da política portuguesa como o líder da oposição que não conseguiu cativar um único voto de tantos milhares de descontentes. 

A sua veia autoritária na Justiça, o papel de ama de António Costa e a incapacidade para comunicar com o povo – e nem é preciso falar do seu desejo de controlar a comunicação social – estão a ser-lhe fatais. Os resultados de todas as sondagens relegam o PSD para o seu pior resultado de sempre, se excluirmos o PPD de Sá Carneiro em 1976, época em que tudo o que não fosse socialista ou comunista era quase apelidado de fascista.

Assunção Cristas lá vai fazendo seu caminho e aparece com 8,5% das intenções de voto, o que lhe retira alguma autoridade para se autoproclamar líder da direita, mas pode ser que consiga mais uns pozinhos. Por fim, Santana Lopes. Para quem falava em conseguir 15 deputados, os 3% das intenções de voto deixam-no pouco à frente do partido dos animais…

Resumindo: António Costa bem pode ter os professores, enfermeiros ou polícias na rua que não é por isso que deixará o poder. Parece garantido que, também por causa da contestação, não conseguirá a maioria absoluta. Algo que parecia fácil, atendendo às vantagens de ter governado num período de grande prosperidade a nível mundial. Mas como se diz que a crise aparece de oito em oito anos e está próxima, veremos como funcionará a futura ‘geringonça’. Com o BE e o PCP ou com o PSD de Rui Rio que já admitiu várias vezes aliar-se a Costa se este fizer um sinal. A água é muito transparente nesta matéria…

vitor.rainho@sol.pt