Brexit. Saída sem acordo pode custar 57,3 mil milhões por ano

Banco de Inglaterra diz que incerteza continua a penalizar economia e ainda ontem manteve a taxa de juro em 0,75%.

Uma saída do Reino Unido da União Europeia sem acordo custaria à economia britânica 57,3 mil milhões de euros por ano, quase 900 euros per capita. O alerta é dado pelo Instituto Bertelsmann. O instituto alemão calculou que um Brexit sem acordo terá um impacto negativo em todos os restantes 27 Estados membros da União Europeia, sobretudo Alemanha e França, calculando que a economia da UE em termos globais perderia cerca de 40,4 mil milhões de euros.

A perspetiva de uma saída sem acordo agravou-se nos últimos dias devido ao chumbo por duas vezes no parlamento do acordo de saída negociado pelo governo britânico com Bruxelas e finalizado em novembro do ano passado. A primeira-ministra britânica, Theresa May, anunciou na quarta-feira que pediu um adiamento da data de saída, prevista para 29 de março, por três meses, até 30 de junho, de forma a submeter pela terceira vez o documento aos deputados e aprovar a respetiva legislação.

As consequências económicas de uma saída britânica da UE sem acordo também já foram objeto de análises por outras instituições, incluindo pelo Banco de Inglaterra ao admitir que o mesmo cenário pode provocar um recuo de 7,8% a 10,5% no PIB britânico até 2024, juntamente com uma depreciação da libra de até 25% e um aumento da inflação para 6,5%. Já para o próximo estima um crescimento de 1,2% e de 1,5% em 2020, o que representa um abrandamento em relação aos dois anos anteriores (1,7%). Aliás, ainda ontem anunciou que iria manter a principal taxa de juro em 0,75% face às incertezas que continuam a penalizar a confiança e a atividade económica a curto prazo.

Também o Fundo Monetário Internacional (FMI) previu uma contração do PIB de 5% a 8%, enquanto a organização patronal britânica CBI, que agrega cerca de 190 mil empresas, prevê uma queda do PIB de até 8% se o Reino Unido sair da UE sem um acordo.

Face a esta instabilidade, cerca de dois terços das empresas britânicas tomaram medidas para esse cenário e 80% e, como tal, garantem estar “preparadas” para um ‘Brexit’ “sem acordo nem transição”.